Carla Salomé Rocha concluiu hoje em 30.º lugar a maratona dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, em Sapporo, onde Sara Catarina Ribeiro penou até ao fim e Sara Moreira desistiu, após desmaiar a meio da prova.
A queniana Peres Jepchirchir sagrou-se campeã na mais lenta das 10 maratonas femininas disputadas em Jogos Olímpicos, em 02:27.20 horas, já sob 30º Celsius – mais quatro do que à hora da partida – e aproximadamente 70% humidade, no Parque Odori, da cidade a mais de 800 metros a norte de Tóquio.
Na corrida, que foi antecipada na véspera em uma hora, para as 06:00 locais (22:00 em Lisboa), devido à previsão de calor intenso, o Quénia conseguiu a ‘dobradinha’, colocando a recordista mundial Brigit Kosgei no segundo posto, a 16 segundos, seguida da antropóloga norte-americana Molly Seidel, a 26.
Sem as medalhadas no Rio2016, a queniana Jemima Jelagat, a baremita Eunice Kirwa e a etíope Mare Dibaba, a corrida iniciou sem definição de liderança, com cerca de 30 atletas no primeiro grupo até aos cinco quilómetros, fase em que Sara Moreira aparecia na frente.
O trio de maratonistas lusas seguiu nesse primeiro grupo até aos 15 quilómetros, altura em que Sara Moreira descolou, ficando a 19 segundos, à frente de Sara Catarina Ribeiro, a um minuto.
As primeiras passaram no ponto da meia maratona em 01:15.14 horas, com Jepchirchir a liderar o grupo com uma dúzia de atletas, enquanto Salomé Rocha já cedia 26 segundos e Catarina Ribeiro já tinha ultrapassado Sara Moreira – estavam a 2.10 e 3.27 da frente, respetivamente.
Foi pouco depois dessa altura que Sara Moreira caiu inanimada, encerrando a sua quarta participação olímpica com o segundo abandono na distância.
Já recomposta, após ter recebido assistência médica no percurso, a atleta natural de Santo Tirso, de 35 anos, não escondeu o desalento: “Estou triste porque queria, pelo menos, terminar a corrida. Não foi possível. Nada disso apaga tudo o que fiz para estar cá”.
A dianteira foi sendo selecionada, até ficar entregue às quenianas Jepchirchir e Kosgei, aos 38 quilómetros, distanciando-se de Seidel e, sobretudo, da israelita Lonah Chemtai Salpeter, que teve parar para normalizar a respiração.
O pódio estava definido, enquanto Roza Derehe salvou a honra etíope com o quarto lugar, a 01.18 minutos.
Entre as portuguesas, Carla Salomé Rocha, que chegou a Tóquio2020 com a terceira melhor marca nacional de sempre (02:24.47 horas), alcançada em 28 de abril de 2019, em Londres, foi a mais rápida, ao concluir no 30.º lugar, 07.32 minutos depois da vencedora.
“Saio satisfeita e ao mesmo tempo insatisfeita. Queremos sempre mais, o melhor resultado possível. Treinamos diariamente para nos superarmos. Mas satisfeita por terminar mais um campeonato. Melhor não consegui fazer. Dei o meu máximo, tentei gerir. Comecei a sentir bastantes cãibras aos 28 quilómetros. Tentei abstrair-me e gerir para terminar. Satisfeita e insatisfeita, como digo”, explicou Salomé Rocha, em declarações à agência Lusa.
Apesar do calor e da humidade, a maratonista natural de Vizela, de 31 anos, que tinha sido 26.ª nos 10.000 metros no Rio2016, não reclamou.
“Não podemos reclamar das condições, são iguais para todas. Foram 88 atletas. Tentei resistir a elas o máximo possível, houve a vantagem da antecipação em uma hora, as sombras ajudaram bastante, mas, entretanto, o sol foi subindo e o desgaste cada vez maior. Saio minimamente realizada, porque terminei mais um campeonato, numas condições um bocadinho adversas”, vincou.
Sara Catarina Ribeiro, de 31 anos, passou pela mesma provação durante a parte final da prova, com cãibras, algumas paragens para andar e um final estoico, no 70.º lugar, a 27.41 minutos da vencedora.
Depois, a estreante em Jogos Olímpicos, natural de Lousada, recebeu assistência médica durante cerca de duas horas, devido a exaustão, sem, no entanto, ter necessitado de tratamento hospitalar.
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