A chegada da delegação paralímpica ucraniana a Pequim, para participar nos Jogos de Inverno, foi “um milagre”, afirmou hoje o chefe da missão, garantindo que os atletas estão “muito motivados e querem defender o país”.

“É um milagre termos chegado aqui. Muitos elementos da nossa equipa tiveram dificuldade em escapar das bombas. A solução mais fácil teria sido não vir, mas não podíamos desistir”, afirmou Valeriy Sushkevych, presidente do Comité Paralímpico da Ucrânia.

Sushkevych admitiu não ter conseguido dormir após o anúncio da decisão, entretanto endurecida, do Comité Paralímpico Internacional (IPC) de autorizar a participação dos atletas russos e bielorrussos nos Jogos Pequim2022 sob bandeira neutra.

O presidente do comité ucraniano deixou “um grande obrigado ao IPC” por ter reconsiderado a sanção inicial e ter proibido a participação de russos e bielorrussos na competição, que decorrerá entre sexta-feira e 13 de março.

“Uma superpotência [Rússia] quer destruir o nosso país” disse Valeriy Sushkevych, acrescentando: “A nossa presença nos Jogos tem grande significado, é um sinal de que a Ucrânia está viva e continuará a ser um país”.

O presidente do comité ucraniano afirmou que a viagem até à China foi difícil, lembrando que foi necessário juntar os atletas e material de competição que estavam dispersos em 11 regiões do país.

Valeriy Sushkevych garantiu que os 20 atletas e nove técnicos estão aliviados por terem chegado à China, mas muito preocupados com a situação na Ucrânia, que está a ser alvo de uma ofensiva militar russa.

“Muitos dos nossos atletas estão constantemente agarrados aos telemóveis a acompanhar a situação e a tentarem contactar com familiares. É difícil competir com calma nestas condições”, disse o presidente.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.