Com ousadia e com o público de volta às bancadas, Paris acolhe pela primeira vez os Jogos Paralímpicos, acreditando que ter 4.400 atletas a competir em locais emblemáticos ajudará o mundo a mudar a perceção sobre a deficiência.
Ao longo de 11 dias, a cidade vai acolher, em 18 instalações que há pouco tempo foram palco das competições olímpicas, atletas de 185 países, entre os quais 27 portugueses, que competirão em 22 modalidades do programa paralímpico, em 549 eventos.
Tal como nos Jogos Olímpicos, o comité organizador apostou em levar a competição paralímpica - que reúne atletas de quatro das cinco áreas da deficiência (intelectual, motora, visual e paralisia cerebral) – para o coração da cidade, com a cerimónia de abertura prevista para a Praça da Concórdia.
O Comité Paralímpico Internacional (IPC) e o comité organizador de Paris2024, responsável pelos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, prometem que França será palco da “edição mais espetacular de sempre” de uma competição cuja génese remonta a 1948, quando o neurocirurgião Ludwig Guttmann organizou, na cidade inglesa de Stoke Mandeville, uma prova desportiva para veteranos da II Guerra Mundial com lesões na espinal medula (em cadeira de rodas).
“Acreditamos que os Jogos Paris2024 vão ser os mais espetaculares de sempre, não só porque vão voltar a ter público, ao contrário do que aconteceu em Tóquio2020, mas também porque não há um parque olímpico fechado e as instalações estão espalhadas pela incrível cidade de Paris”, admitiu recentemente o presidente do IPC, Andrew Parsons.
Com o governo a apostar e gastar milhões e milhões em melhorias significativas na área das acessibilidades nos transportes e em espaços públicos, e os programas que preparam os clubes locais para receberem pessoas com deficiência, os responsáveis do IPC estão confiantes no legado que os primeiros Jogos Paralímpicos a realizar em França vão deixar.
“Dentro de três, quatro, 10 anos, a sociedade francesa será mais inclusiva do ponto vista de atitude, mas também da sua infraestrutura”, admitiu Parsons, assumindo a ambição de levar bem mais longe o impacto da competição, que decorrerá entre 28 de agosto e 08 de setembro.
Com transmissão para quase 170 países, os organizadores ambicionam ultrapassar o recorde de audiência acumulada dos Jogos Tóquio2020, realizados em 2021, que se cifrou nos 4,1 mil milhões, e fazer dos Jogos “uma vitrina”.
"Obviamente que nós não queremos que as pessoas com deficiência tenham oportunidades somente enquanto atletas, mas também no mercado de trabalho, na sociedade. Então o desporto paralímpico é um grande exemplo, uma grande vitrina. Mas queremos que isso transcenda para outras áreas da vida das pessoas", afirmou Parsons.
Sem a Rússia em competição enquanto país pela terceira edição seguida - agora devido à invasão militar da Ucrânia, depois das ausências no Rio2016 e em Tóquio2020 devido aos escândalos de doping - e com a maior equipa de refugiados de sempre, os Jogos vão juntar 4.400 atletas, que garantem estar empenhados "em competir" e não apenas "em jogar", num programa de competições idêntico ao de Tóquio2020.
Há três anos, a China foi o país com mais medalhas conquistadas, com um total de 207, das quais 96 de ouro, seguida da Grã-Bretanha, com 124 (41 de ouro), e dos Estados Unidos, com 104 (37 de ouro), tendência que se deve manter este ano.
Paris quer também ficar na história como país organizador dos Jogos Paralímpicos com maior equilíbrio de género, com 45% de atletas femininas, superando o recorde histórico de 42% alcançado há três anos na capital japonesa.
Em menos de duas semanas, a ‘cidade Luz’ troca os anéis olímpicos pelos agitos, o símbolo do movimento paralímpico, com três crescentes assimétricos nas cores vermelho, azul e verde, cujo nome vem do latim e significa "estou em movimento".
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