O selecionador português de boccia fez hoje um balanço positivo da participação nos Jogos Paralímpicos Paris2024, mas lamentou que os sete atletas lusos não tenham podido contar com o apoio do psicólogo com o qual trabalham há dois ciclos.
“Houve aqui uma falha, foi o facto de o Comité Paralímpico de Portugal não permitir que tivéssemos aqui o nosso psicólogo, que trabalha connosco há dois ciclos. Ele esteve nas bancadas, mas temos que ir lá fora falar com ele. Não é a mesma coisa”, disse Luís Ferreira, explicando que o comité disponibiliza um psicólogo que “está à distância”.
O selecionador considerou que a ausência do psicólogo que acompanha a modalidade é “uma falha que tem de ser colmatada no futuro”, e lembrou: “Estou aqui com sete atletas e sou o único técnico que está aqui com eles, estou aqui desde as 08:00 às 22:30”.
O responsável técnico afirmou que o balanço da participação nos Jogos Paris2024 “é positivo e reflete o trabalho desenvolvido ao longo do ciclo”, acrescentando: “Os atletas individuais tiveram uma excelente participação, conseguindo mesmo uma medalha de ouro”.
“Foi uma participação digna, tivemos o ouro da Cristina Gonçalves [BC2] e em relação ao André Ramos [BC1] houve aqui um percalço, eu tinha quase a certeza de que ele chegaria ao pódio, mas por um erro de leitura de jogo acabou por ficar no quinto lugar”, afirmou.
Em relação à prestação de equipa BC1/BC2, afastada hoje na fase de grupos, Luís Ferreira considerou que Portugal “teve azar no sorteio”, que ditou como adversárias as formações da China e da Grã-Bretanha.
O selecionador considerou que a derrota com a China, por 8-3, “pesou” nos atletas, afirmando: “Os atletas acusaram a tensão e a pressão do primeiro jogo, ficaram mais ansiosos”.
“Os nossos atletas sabiam que tínhamos condições para ganhar à Grã-Bretanha por 5-4, mas acabamos por não conseguir, porque entrámos mal no jogo”, afirmou.
Luís Ferreira assumiu que irá deixar a modalidade e, sobretudo por isso, assumiu-se desiludido a nível pessoal: “Sinto-me frustrado não há competição nenhuma em que participe que não seja para ganhar, quando perco fico muito incomodado, será a minha última participação em Jogos”.
“Vou abandonar, ficaria satisfeito se o resultado fosse outro, pelo percurso que fizemos, com esta equipa mereciam mais”, disse.
Depois de ter ficado, pela primeira vez, sem medalhas nos Jogos Tóquio2020, o boccia português voltou ao pódio em Paris, com Cristina Gonçalves a conseguir a medalha de ouro na competição individual de BC2.
A modalidade, exclusiva dos Jogos Paralímpicos, somou ainda dois lugares entre os oito primeiros, que tal como os medalhados têm direito a um diploma, com Carla Oliveira a ser sexta no torneio individual de BC4 e André Ramos quinto na prova de BC1.
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