O central Rui Silva vai capitanear a seleção portuguesa de andebol na quinta presença em Mundiais, entre 11 e 29 de janeiro, na Polónia e na Suécia, com a ambição de conseguir a melhor classificação de sempre.

“Jogo a jogo, com os pés assentes na terra, sabendo da nossa qualidade e preocupando-nos muito connosco e com o que podemos fazer, acredito que podemos chegar longe”, afirmou o central do FC Porto, que, aos 29 anos, soma 193 golos nos 113 jogos pela seleção portuguesa.

A meta indicada durante o estágio pré-competição em Rio Maior passa por melhorar o 10.º lugar obtido no Mundial de 2021, no Egito, mesmo depois do modesto 19.º lugar no Europeu de 2022, na Hungria e na Eslováquia, a contrastar com o ‘brilhante’ sexto posto no Campeonato da Europa de 2020, na Áustria, na Noruega e na Suécia.

“Acho que temos conseguido muito bons resultados, exceto no último Europeu. Tínhamos conseguido a melhor classificação de sempre e agora vamos conseguir a melhor de sempre num Campeonato do Mundo, depois de termos marcado presença nos Jogos Olímpicos, que, se calhar, ninguém acreditava. Acredito que o último Europeu ficou um pouco aquém, mas foi só uma pedra no nosso caminho, que espero que não se repita e que consigamos o nosso objetivo, que é melhorar a classificação do último Mundial”, vincou Rui Silva.

Esta vai ser a 13.ª grande competição da equipa lusa, juntando-se às sete participações em campeonatos da Europa – a melhor das quais com o sexto lugar em 2020, já sob o comando de Paulo Jorge Pereira – e da inédita presença nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, disputados em 2021, saldada também com a eliminação na fase de grupos e o nono lugar final.

“Acabou por ser [frustrante], mas acho que é importante olharmos para o facto de termos conseguido chegar lá. Acho que esse foi o grande resultado. Ficou aquela sensação que se podia ter feito mais um bocado, mas o nosso desempenho no Europeu [de 2022] acabou por ficar mais aquém do esperado. Espero que consigamos chegar numa melhor forma, com melhor rendimento, e fazer com que as pessoas acreditem e nos apoiem para conseguirmos um bom resultado”, sublinhou.

Apesar da convicção nas capacidades para melhorar o 10.º lugar, e sem detalhar as melhorias da seleção nacional, Rui Silva reitera a vontade de se recordar de “um grande Mundial feito por Portugal”, tal como se lembra dos feitos já alcançados.

“A primeira vez é sempre a melhor. Acredito que aquele Europeu que fizemos em 2020 vai ficar para sempre marcado por ter sido o primeiro e pela forma como o fizemos, porque nos apresentámos a um nível incrível. Foi isso, também, que fez com que acontecesse a qualificação para os Jogos Olímpicos e, no Mundial, tivéssemos uma entrada direta”, referiu.

A seleção de andebol iniciou na segunda-feira um estágio de três dias, em Rio Maior, antes de viajar, na quarta-feira, para Trondheim, onde vai disputar um torneio particular com a anfitriã Noruega (05 de janeiro), Estados Unidos (07) e Brasil (08).

Segue, depois, para Kristianstad, na Suécia, onde vai disputar o Grupo D da 28.ª edição do Campeonato do Mundo, frente a Islândia (12), Coreia do Sul (14) e Hungria (16).

“Estamos num patamar em que teremos mais responsabilidade com a Coreia, mas sabemos que tanto a Islândia como a Hungria são seleções competitivas, com muita qualidade, e com as quais tudo se vai decidir nos pormenores. Acho que, se estivermos numa boa forma, conseguiremos fazer bons resultados, também sabendo que pode influenciar a nossa vontade de conseguir melhor do que o último Mundial, porque levando pontos para a ‘main round’ acaba por ser tudo diferente”, advertiu.

O capitão luso admite que os adversários também já olham para a seleção “de outra forma”, sendo que o “patamar superior” acarreta “algumas obrigações”.

“Isso traz mais responsabilidade, mas também mais vontade de querer mais do que temos feito, sempre com os pés assentes na terra. Não podemos em três anos de quase qualificados para querermos ser campeões de tudo. Isso no desporto não funciona”, rematou.

Na quinta fase final de uma grande competição seguida, depois dos dois Europeus, de um Mundial e dos Jogos Olímpicos, a tarefa de capitanear a seleção portuguesa tornou-se mais fácil, pelo menos na visão de Rui Silva.

“Ajuda muito termos um grupo com uma relação muito saudável, muito próxima entre nós. Sou mais um aqui dentro, com uma responsabilidade acrescida, que, às vezes, é importante e noutras tenho de dar o passo em frente, mas só coletivamente conseguimos fazer bons resultados e ajudar-nos uns aos outros”, concluiu.