O Xico Andebol, clube desportivo de Guimarães, tem um plano de sustentabilidade para reduzir o impacto ambiental da sua atividade, seja nos gastos energéticos, na gestão de resíduos ou no transporte das equipas.
Elaborado pelo Laboratório da Paisagem, instituição de Guimarães que se dedica à investigação e à educação ambiental, o documento, consultado pela Lusa, sugere práticas para o clube se tornar "mais ecológico" e, ao mesmo tempo, obter ganhos económicos, em linha com os objetivos de desenvolvimento sustentável, inseridos na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Isto é um projeto que não tem retorno. Há medidas que já foram implementadas, outras que estão em marcha e outras que não dependem de nós. Estou em crer que, num horizonte de dois ou três anos, senão todas, quase todas deverão estar implementadas. Estas são práticas recomendadas pela ONU", afirmou à Lusa o presidente do Xico Andebol, Diogo Leite Ribeiro.
Mesmo sem competir, visto que as equipas seniores masculina e feminina não disputam os escalões principais do andebol nacional, os únicos em curso nesta fase da pandemia de covid-19, o clube nortenho já reduziu o uso de papel em tarefas administrativas, passou a separar o lixo no seu pavilhão e reduziu o consumo de água, graças a dispositivos como redutores de caudal.
"A partir do momento em que utilizámos os redutores, notámos que o consumo de água baixou. Por outro lado, passámos também a ter uma recolha seletiva do lixo. Ou seja, passámos a separá-lo. Isso também é uma mais-valia", prosseguiu o dirigente.
O plano de sustentabilidade aconselha ainda o Xico Andebol a instalar plantas no interior do seu pavilhão, inaugurado em 1989, para "filtrar o ar e eliminar odores", a eliminar o plástico nos produtos de 'vending', a utilizar produtos de limpeza de empresas locais para reduzir a "pegada ecológica associada ao transporte", a criar um parque de estacionamento exterior para bicicletas e a diminuir os consumos de gás e de luz.
Presidente desde 2018, Diogo Leite Ribeiro frisou que a remoção das palhinhas no 'vending' é uma prática a implementar "de imediato", enquanto a instalação do parque para bicicletas e a de recipientes para lixo no espaço exterior devem estar prontas até ao início da próxima época, por volta de setembro.
O dirigente reconheceu, contudo, que outras propostas, financeiramente mais dispendiosas, como a substituição da atual viatura de 10 lugares por uma elétrica ou a biocombustível, vão demorar mais.
"Um veículo daquelas necessidades andará sempre na ordem dos 30 ou 40 mil euros. Esse investimento, no orçamento do clube, nunca poderá ser realizado em menos de quatro ou cinco anos", afirmou, em referência a um orçamento anual que costuma oscilar entre os 130 e os 150 mil euros e que, face à pandemia, está agora entre os 100 e os 120 mil.
O responsável adiantou também que o Xico tem uma parceria alinhavada com uma empresa para melhorar a eficiência energética e reduzir os custos de consumo com o gás e pretende trocar a iluminação atual por lâmpadas LED, sabendo, de antemão, que o investimento vai ter retorno financeiro "num espaço de seis a sete anos".
O clube de Guimarães, responsável por um universo de 250 a 300 atletas, é ainda responsável por medir a "pegada carbónica" da sua atividade e por medidas como plantação de árvores para compensar os danos ambientais que é incapaz de reduzir no dia a dia, explicou à Lusa o diretor executivo do Laboratório da Paisagem, Carlos Ribeiro.
Para o responsável, o Xico Andebol é um exemplo do papel que o desporto pode ter na promoção dos três pilares da sustentabilidade: a ambiental, a social e a económica.
"No âmbito da estratégia do Laboratório [da Paisagem], tem havido essa preocupação de incluir todos, de incluir todos os setores, desde a indústria e do comércio. Achámos também importante o envolvimento dos clubes. São aqueles que, no fundo, têm a capacidade de juntar mais gente, de falar para massas. É fundamental que percebam o papel social e ambiental que têm e que é visível", observou.
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