Na Cimeira das Federações Desportivas, organizada pelas três entidades, em Algés, e na qual estiveram presentes 39 representantes das federações desportivas nacionais, foi aprovado um documento com propostas comuns e que será no futuro apresentado às instâncias governamentais.

A moção estratégica, concertada entre as três instituições, agrega sete propostas e começa por pedir a retoma das atividades desportivas, paradas devido à covid-19, em segurança através do envolvimento das entidades públicas desportivas e das autarquias, num modelo de parceria.

Num segundo ponto, pede-se a inclusão da sustentabilidade da atividade desportiva no plano de revitalização económica e social elaborado pelo Governo, assim como a criação de um fundo especial de apoio ao desporto, com uma recapitalização das federações desportivas de forma a poderem ajudar o movimento associativo de base.

Entre as propostas apresentadas está também a criação de um grupo de trabalho com elementos da administração fiscal, da administração pública e do desporto que estude os apoios aplicados ao setor, e a promoção das políticas de aumento da empregabilidade no desporto e do agente desportivo benévolo.

Por fim, a moção estratégica elaborada pelo COP, CPP e CDP sugere a inclusão do desporto nas propostas de promoção turística que Portugal apresenta para o exterior e, por último, o aumento significativo da mobilização desportiva através do lançamento de uma campanha de promoção e valorização do desporto.

José Manuel Constantino, presidente do COP, referiu que este documento confere às três instituições "um mandato de negociação com o Governo" e sublinhou que este é um "momento de excecionalidade", mas que "muitos dos problemas hoje exponenciados pela pandemia já existiam antes da crise", acusando as autoridades governamentais de terem excluído o desporto do plano de revitalização económica social.

"Estes sinais evidenciam uma fragilidade das políticas públicas em responder às necessidades que o setor tem. Há boa vontade, mas não há aplicação prática, pelo que são necessárias repostas mais ousadas e musculadas face ao que o setor precisa", vincou o presidente do COP.

José Manuel Lourenço, presidente do CPP, classificou esta cimeira como um "encontro histórico" e disse tratar-se da formação de uma "voz plural que quer mudar o desporto em Portugal".

"Não reivindicamos uma situação de privilégio, mas exigimos equidade, até pelo papel social que o desporto desempenha. Por isso, desejo que possamos continuar a trabalhar juntos, como uma comunidade organizada e com o futuro à nossa espera", disse José Manuel Lourenço.

Por sua vez, Carlos Paula Cardoso, presidente da CDP, alertou que a pandemia de covid-19 trouxe consigo um "risco de destruição do tecido desportivo português" e sublinhou a necessidade de o desporto ganhar mais peso político.

"Temos uma boa relação com o Governo, com o ministro da Educação e com o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, mas falta-nos algum peso nesse campo e na estrutura governativa na área da educação. Isso é evidente com a ausência do desporto do Programa de Estabilidade Económica e Social, mais uma machadada no que pensávamos possível", apontou o dirigente desportivo, terminando com o pedido de que o desporto se una "em torno de um grande somatório de ideias".