Os canoístas juniores João Sousa e Francisco Batista consideraram hoje que juntar o título mundial de K2 na Croácia ao europeu garantido há dois meses na Polónia só se consegue com base no trabalho.
“A única forma de conseguir este feito é ter muito trabalho. Também alguma sorte, mas é trabalho e cabeça na prova. Sempre a mente fria, ter uma boa estratégia e também ter ‘braços’, daí o trabalho”, disse à Lusa Francisco Batista.
Em Metkovic, João Sousa e Francisco Batista concluíram os 22,6 quilómetros do percurso em 01:29.06, superando os britânicos Joseph Enoch e William Short, prata, por 29 segundos, e os espanhóis Ruben Castilla e Arturo Aguilar, bronze, por 46.
“A parte mais complicada foi a de garantir o lugar certo para sairmos na portagem (os atletas saem da água e correm com o caiaque uns 200 metros até voltarem ao rio). Os dois barcos espanhóis queriam o lado direito e nós também. Não treinámos muito o esquerdo, porque tínhamos confiança de que seríamos bem-sucedidos. Depois, quando nos colocámos à frente, pudemos escolher e a partir daí ficou tudo mais fácil”, explicou.
A dupla limiana esteve sempre no grupo da frente até atacar à saída da penúltima portagem, deixando para trás os britânicos, após os espanhóis já terem perdido contacto, face “às velocidades altas, absurdas" que normalmente colocam a meio das provas.
João Sousa, que no sábado foi sétimo em K1, na sequência de ter partido o barco em competição, num acidente na portagem, enquanto estava na frente da regata, teve menos de 24 horas de recuperação para nova exigência na água.
“Só se consegue mesmo com muito trabalho. Temos de abdicar de bastantes coisas. Por exemplo, abdiquei das Ferias Novas, a festa da minha terrinha natal (Ponte de Lima), para chegar aqui na melhor forma possível. É querer muito e sonhar bastante com um objetivo e depois ir atrás dele”, vincou.
João Sousa revelou que o seu “bichinho” pela maratona cresceu quando, em criança, viu José Ramalho, que no sábado se sagrou vice-campeão do Mundo em K1, ser campeão da Europa, na prova que decorreu em Ponte de Lima.
“Sim, gostava de ser como ele”, sorriu, referindo-se ao agora amigo que tem três pratas e outros tantos bronzes mundiais em K1, bem como sete títulos europeus.
A dupla vai subir agora ao escalão sub-23, aumentando o nível de exigência, contudo estão determinados a “repetir os êxitos”.
“Comecei a época a desejar ter uma medalha internacional e após o título europeu coloquei como objetivo o mundial. Somar títulos é sempre bom e ninguém diz que tem demasiadas medalhas…”, rematou Francisco Batista.
Esta foi a quarta medalha de Portugal nos mundiais de maratonas, depois do ouro da também júnior Maria Luísa Gomes em K1, da prata de José Ramalho em K1 e do bronze de Rui Lacerda em C1.
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