A coordenadora técnica do atletismo do Benfica, Ana Oliveira, criticou a Federação Portuguesa de Atletismo por ter tornado “confuso desde o início” o Campeonato Nacional de Clubes de atletismo, que os ‘encarnados’ venceram em masculinos hoje em Leiria.
“Este campeonato foi confuso desde o início”, criticou a responsável no final da competição, que o Benfica venceu pela 12.ª vez consecutiva, desta feita por número superior de primeiros lugares, depois de terminar a competição masculina empatado em pontos com o Sporting.
Em causa, segundo Ana Oliveira, estão as regras de inscrição de atletas da Federação Portuguesa de Atletismo, nomeadamente a permissão para o ucraniano Andrii Protsenko competir pelo Sporting.
“Sinceramente, ganhámos este campeonato sem perceber os regulamentos do Campeonato Nacional de Clubes: pelos vistos, podemos participar com mais de dois estrangeiros; pelos vistos, para ser refugiado basta chegar na véspera para estar aqui e competir. Se soubesse que era assim, podíamos ter contratado dois ucranianos ou outros estrangeiros para estarem aqui. As regras da federação não são claras”, argumentou.
Segundo a responsável, o Benfica participou em Leiria com “apoio do departamento jurídico”, mas competindo “como se tudo estivesse normal”.
“Até porque sabemos que o Benfica nunca ganha nenhum protesto: a prova disso são os 800 metros, em que tivemos um atleta que foi primeiro empurrado e depois foi obstruído na meta. A juíza foi perentória, desclassificou logo [Nuno Pereira, do Sporting], mas o Sporting não podia ficar mal e foram 40 metros atrás inventar [um motivo para desqualificar José Carlos Pinto, do Benfica]...”, criticou.
Apesar dos lamentos, Ana Oliveira assumiu-se feliz com mais um título, que já esperava fosse difícil de conquistar.
“Já era expectável que fosse assim. A época foi muito longa e foi uma maldade da federação colocar o Campeonato Nacional de Clubes nesta altura do ano, para todos: para o Benfica e Sporting, sobretudo. Tivemos atletas que há cerca de 48 horas vieram dos Estados Unidos da América, com todas as emoções positivas e negativas, com ‘jet lag’, etc. Depois há outra pequena maldade, considerando que o Campeonato da Europa é daqui a três semanas”, realçou.
A coordenadora dos ‘encarnados’ felicitou o Sporting “pela forma como encarou este campeonato, julgando que ia ganhar”.
“Felizmente, não ganhou, mas fez-nos estar mais atentos, mais rigorosos. É uma boa notícia para o atletismo português, se o Sporting cumprir os regulamentos…”, insistiu, referindo-se novamente ao caso de Protsenko.
Para Ana Oliveira, “é uma grande mais-valia ter atletas como a Auriol Dongmo, Patrícia Mamona, Pedro Pichardo, Tiago Luís Pereira e também como o Protsenko”.
“É um apelo que faço à federação: entendam-se, definam-se e ajudem-nos a perceber o atletismo em Portugal”, completou.
Para a dirigente é essencial “ler um regulamento e entender”, porque é preciso escolher se se querem “mais Pichardos, mais atletismo internacional” ou “ser palhaços”.
“A federação monta o ‘circo’ - com todo o respeito para o circo - e nós vimos aqui atuar. Mas aos palhaços ainda pagam - nós pagamos para estar aqui”, concluiu.
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