O recorde de 13 conquistas seguidas consumado hoje pelo Benfica na vertente masculina dos Nacionais de clubes de atletismo foi o auge de um “dia muito esperado” pelas ‘águias’, exaltou a coordenadora técnica Ana Oliveira.

“Não foi uma vitória qualquer, mas foi a vitória. É um trabalho de equipa, que só tem sido possível porque o Benfica tem e respira esta modalidade, que faz parte da sua história e do seu ADN nestes últimos 104 anos. É uma modalidade muito querida do Benfica e dos benfiquistas e todos reconhecem isso”, sublinhou à agência Lusa a dirigente, no final da 85.ª edição da competição, que decorreu durante o fim de semana em Viana do Castelo.

Ao triunfar em 14 de 21 eventos, o clube da Luz chegou ao 35.º título, e 13 consecutivo, totalizando 160 pontos, 10 acima do Sporting, que continua como recordista de êxitos no setor (48), e mais 68 do que os madeirenses do Jardim da Serra, que fecharam o pódio.

“Como diz o professor Mário Moniz Pereira, que eu sempre admirei e estimei ao longo de toda a minha vida, os recordes são para se bater e aqui estamos nós a bater um recorde que é [do tempo] dele, e penso que com muita qualidade técnica, ao cabo de 20 anos de projeto e 13 de vitórias”, enalteceu Ana Oliveira, um ano depois de o Benfica ter igualado as 12 conquistas arrebatadas ininterruptamente pelo seu rival lisboeta entre 1968 e 1979.

A coordenadora técnica encara estes resultados como “consequência de um trabalho de renovação” encetado a partir das camadas jovens dos ‘encarnados’, que, pela segunda época seguida, não atuaram no quadro feminino, dominado pela 13.ª vez pelo Sporting.

“Acima de tudo, a base desta equipa vem toda da nossa formação. Infelizmente, não tem sido possível fazê-lo no feminino. Há razões bastante estudadas e conhecidas para isso poder acontecer. Se não existe profundidade no atletismo masculino, agora imaginem no feminino”, comparou, solicitando mudanças no formato competitivo destes campeonatos, que dividiram 48 equipas de 31 clubes por três divisões, com praticamente 1.000 atletas.

Ana Oliveira disse ter tido “o cuidado de informar” a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) acerca da visão do Benfica em relação ao enquadramento dos Nacionais, que “têm sobrevivido ao longo dos anos à base daquilo que é a luta” entre os dois rivais lisboetas.

“Acho que é a melhor prova, a mais entusiasmante e o melhor palco para poder brilhar e viver o atletismo dentro e fora da pista. É uma pena existir só duas vezes por ano. Nós já apresentámos versões e propostas à FPA, no sentido de transformar estes Nacionais de pista coberta e ao ar livre à melhor de três e de cinco [etapas], respetivamente. Os atletas querem vestir mais vezes a camisola do Benfica nesta competição”, notou, com o desejo de que futuras edições possam decorrer em Lisboa, onde “há boas pistas e condições de aquecimento, além do público de Benfica e Sporting que está habituado a ir a pavilhões”.

Instada a esclarecer as razões da ausência de Pedro Pablo Pichardo, campeão olímpico, mundial e europeu e recordista português do triplo salto, que foi substituído pelo cubano Roger Iribarne, a coordenadora técnica do atletismo dos ‘encarnados’ ‘fintou’ a pergunta.

“Pensei que me ia perguntar pelo [Reynier] Mena, que deu 24 pontos ao clube no último campeonato. Não faltou absolutamente ninguém. Como viram, ganhámos por 10 pontos, sem que tivesse havido ‘zeros’ na equipa adversária. Um beijinho especial para o Mena, que ficou lesionado em casa. Se o Pichardo também estará lesionado? Não sei”, atirou.