A belga Nafissatou Thiam é a grande figura da segunda jornada dos Campeonatos da Europa de atletismo em pista coberta, em Istambul, ao apossar-se do recorde do mundo do pentatlo, que durava há 11 anos.

Em dia de confirmações dos grandes favoritos, Auriol Dongmo, no lançamento do peso, e Pedro Pichardo, no triplo, revalidaram os seus títulos continentais e deixam Portugal na frente do quadro de medalhas, ainda com hipóteses fortes de Patrícia Mamona, no triplo feminino, lhes imitar o feito.

A Noruega também está muito bem lançada para ser múltipla medalhada de ouro em Istambul, com Karsten Warholm a dominar as meias-finais de 400 metros e Jakob Ingebrigtsen a ser coroado com o ouro nos 1.500 metros, ele que ainda tem pela frente a aposta nos 3.000 metros.

Outra das grandes estrelas de 2021 e 2022, a neerlandesa Femke Bol, 'passeou-se' pelas meias-finais de 400 metros, enquanto o título dos 60 metros foi para a suíça Mujinga Kambunji e o do lançamento do peso masculino para Zane Weir, italiano de origem sul-africana, em franca evolução este ano.

O recorde do pentatlo, fixado em 2012 nesta mesma pista de Istambul, já começava a ser um dos máximos 'velhinhos' do calendário 'indoor'. Os 5.013 pontos da ucraniana Nataliya Dobrynska tinham os 'dias contados', ao que tudo indicava.

Thiam, dupla campeã olímpica do heptatlo e com um palmarés vastíssimo nas provas combinadas, era a principal candidata e finalmente superou a barreira dos cinco mil pontos, fixando o recorde em 5.055.

O recorde só se definiu na quinta e última prova, os 800 metros, onde a atleta fez um recorde pessoal de 2.13,60 minutos.

Grande prova, também, da polaca Adrianna Sulek, que com 5.014 pontos entra para segunda melhor pentatlonista de sempre.

A exemplo de Thiam, também Pichardo renova a coroa continental, com grande brilhantismo.

Novo recorde nacional no triplo, um dia depois do anterior, e o avanço imenso, de mais de um metro, para o medalhado de prata, dão bem ideia da superioridade do luso-cubano.

Pichardo saltou 17,60 metros, nova liderança do ano, e o grego Nikolaos Andrikopoulos 16,58.

Aos 22 anos, Jakob Ingebrigtsen prossegue a sua fantástica carreira e prepara-se para ser duplo medalhado em Istambul: a primeira parte está feita, com o ouro em 1.500 metros, falta vencer a aposta dos 3.000 metros.

O jovem prodígio norueguês ganhou em 3.33,95, recorde dos campeonatos, correndo quase sempre na frente e sem ceder para a reação final do britânico Neil Gourley, que ficou com a prata.

No peso, Zane Weir conseguiu a sua primeira medalha de ouro em grandes competições e logo com a excelente marca de 22,06 metros, liderança europeia do ano e segundo registo a nível global, atrás do norte-americano Ryan Crouser, o recordista mundial.

Roman Kokoshko, ucraniano que vive há três anos em Portugal, ficou com o bronze, com um recorde nacional de 21,84, a seis centímetros do checo Tomás Stanek.

No setor feminino, Auriol Dongmo esteve ao seu melhor nível e revalidou o título, com 19,76, melhor marca europeia do ano e mais de 90 centímetros à frente de Sara Gambeta, da Alemanha.

Nos 60 metros, o pódio foi o esperado, com Kambunji a ter de se esforçar bem para superar, com excelentes 7,00 segundos, a polaca Ewa Swoboda e a britânica Daryl Neita.

Apenas os 3.000 metros femininos terminaram com uma 'meia surpresa', na 'dobradinha' alemã.

Com efeito, Hannah Klein, com um recorde pessoal a 8.35,85 minutos, superou na volta final a habitualmente mais forte Konstanze Klosterhalfen.

Nas qualificações para finais, merece destaque, além das corridas de Warholm, a forma fácil como a portuguesa Patrícia Mamona se apurou no triplo, com 14,09 metros, em clara rota para nova medalha lusa.