Dos cinco medalhados em Amesterdão há dois anos, três regressam aos Campeonatos da Europa de atletismo, que arrancam na segunda-feira em Berlim, as campeãs europeias Patrícia Mamona e Sara Moreira e o medalhado de bronze Tsanko Arnaudov.

O atleta do Benfica será mesmo o primeiro a entrar em acão, já no dia Q, assim denominado pela organização por ser o dia das qualificações das provas de velocidade e do lançamento do peso.

Numa prova que decorrerá no centro da cidade, numa zona de animação própria, onde também serão entregues as medalhas da esmagadora maioria das provas, o recordista nacional do salto em comprimento está focado no seu trabalho e sobre as expetativas para estes Europeus.

"A principal e fundamental é passar à final. Depois, lançar o mais longe possível outra vez, para conquistar um lugar nos primeiros, como fiz em 2016, em Amesterdão", disse à agência Lusa.

Questionado se não estaria a ser muito cauteloso, referiu que apenas o preocupa "lançar o mais longe possível".

"Olhando para os meus adversários, posso responder que todos eles estão dois meses mais à frente que eu. Estive parado, por lesão, com um pé partido, engessado, durante dois meses. Nessa altura, treinei sempre, mas sentado e até há um mês ou dois estava em dúvida se conseguiria lançar. Por isso, não vou estar em pé de igualdade com eles, mas psicologicamente vou estar à frente, porque quero mais, sei que consigo mais, mas tem de ser lá", sublinhou.

Mais tempo para pensar na sua prova terão as campeãs europeias, que também não tiveram épocas fáceis. Para Patrícia Mamona, o aspeto psicológico foi o mais reforçado nos últimos tempos, consubstanciado com os resultados acima dos 14 metros conseguidos nos últimos meetings.

"Sim, esses resultados deixam-me mais confiante, mas, acima de tudo, a nível psicológico. Eu tinha 'wild card', como campeã, sabia que podia ir, tinha fé de que conseguiria ir, mas depois da lesão faltava alguma consistência", disse-nos a atleta sportinguista.

"Agora, o facto de conseguir os mínimos foi como dizer para mim que 'estou aqui e mereço cá estar pelo valor'. Saltar duas vezes acima de 14 metros, numa época que foi praticamente de um mês e meio, é tónico para encarar de forma mais otimista este Europeu", disse a atleta.

A saltadora lusa foi mais longe: "É marca que dá confiança para chegar a uma final e na final tudo pode acontecer. Mas é importante frisar isso, primeiro é chegar à final. Todos sabem que tenho tendência a saltar mais nas competições importantes, mas nas qualificações é mais habitual retrair-me, tentando apenas saltar pelo seguro. Só que este ano o seguro não chega, pois tem sido inconstante. Mas espero chegar ao momento certo no meu pico de forma."

A outra campeã, também do Sporting, enfrentou muitas mudanças na presente época, mas é a própria que afirma "ter estado sempre focada nos Europeus". Para Sara Moreira, a mudança de treinador e de rotinas de treino acabaram por marcar esta fase.

"Estou com os pés na terra, vou para o quinto europeu e estou muito grata de estar nesta seleção, pois sabemos que a este nível não é fácil. Já tive experiências muito negativas, portanto, é sempre motivador e motivo de orgulho estar na seleção. A fase da adaptação ao treinador já aconteceu, mas em resultados desportivos poderá ainda não se refletir. Estou tranquila, pois fizemos a preparação que queríamos e agora é desfrutar do momento e dar o meu melhor".