Os Jogos Europeus, cuja segunda edição principia na sexta-feira em Minsk, Bielorrússia, têm ainda vários desafios para se enraizarem na elite do desporto internacional, principalmente em termos competitivos e financeiros.
“A sustentabilidade futura tem ainda muitos passos para percorrer. A sustentabilidade financeira e a sustentabilidade no quadro competitivo internacional”, considera o presidente do Comité Olímpico de Portugal.
Em declarações à Lusa, José Manuel Constantino explica que “algumas federações europeias torceram o nariz a esta competição”, recordando que em 2018 sete se uniram em europeus conjuntos, nomeadamente em Glasgow, com a natação, ciclismo, golfe, ginástica, remo e triatlo, enquanto Berlim ficou com as provas de atletismo, no mesmo projeto conjunto.
“O problema que aqui se põe é da disputa do mercado desportivo. Para algumas federações internacionais não interessa sobrecarregar o quadro competitivo com eventos dos quais não retiram benefícios financeiros. Fazem algum braço de ferro com os Comités Olímpicos Europeus. É um desafio que não está vencido. Não sei o que vai ser no futuro”, adverte.
Várias cidades assumiram o interesse em albergar os III Jogos Europeus, contudo só Cracóvia, na Polónia, formalizou a candidatura, que será votada no sábado em Minsk, na reunião dos 50 comités olímpicos europeus.
“Haver já um candidato é positivo. Sinal de que de facto este percurso está a ser feito e com probabilidades de ser continuado. Oxalá não haja desistência”, desejou, lembrando o que aconteceu com a Holanda em 2015 quando abdicou de promover o evento de 2019, pelo facto de não ter garantias do governo em assumir metade dos 125 milhões de euros do projeto.
San Diego, nos Estados Unidos, tinha igualmente ganho o direito a receber os primeiros jogos mundiais de praia, em 2019, acabando por desistir, oportunidade aproveitada pelo Qatar.
“São sobressaltos que nos dão um sinal de alguma insegurança e instabilidade. Contrariamente aos Jogos Olímpicos de verão e inverno, já consolidados, todos estes eventos vivem alguma instabilidade, quer das cidades organizativas, quer da capacidade de sustentar essas candidaturas, quer a sua continuidade”, exemplificou.
É por isso, e pelo facto da sociedade civil ser “cada vez mais uma voz critica quanto ao efetivo retorno dos investimentos”, que o dirigente defende a importância de que as urbes em causa já devem ter boas redes de infraestruturas e mobilidade urbana.
José Manuel Constantino entende, por isso, que Portugal tão cedo não se vai aventurar num desafio destes: “Não creio que se se problema se possa colocar a Portugal nos próximos anos. Não vejo o país com condições para poder candidatar-se a uma organização desta natureza. De todo”.
“Tem a ver com o grau de desenvolvimento desportivo, das infraestruturas, os custos elevadíssimos e o país tem outras prioridades do que candidatar-se à organização com esta escala e dimensão, mesmo tratando-se dos Jogos Europeus”, justificou.
Em Minsk, Portugal vai competir em atletismo, badminton, futebol de praia, canoagem, ciclismo (estrada, contrarrelógio e pista), ginástica (artística, trampolins, aeróbica e acrobática), judo, karaté, lutas amadoras, tiro, tiro com arco, tiro com armas de caça e ténis de mesa.
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