O ponto alto do primeiro dia dos Mundiais de atletismo de Eugene estava 'traçado', com a despedida da alta competição de Allison Felix, a velocista que desde 2005 já ganhou tudo o que tinha para ganhar.

Não foi exatamente o que os norte-americanos tinham em mente, já que a estafeta mista de 4x400 metros se ficou pelo bronze, atrás da República Dominicana e dos Países Baixos, após um monumental 'estouro' da atleta que esteve no último percurso.

Aos 36 anos, Felix, a 'campeã das campeãs', com 18 medalhas (13 de ouro, três de prata e duas de bronze) no palmarés, até hoje, entre 200 e 400 metros e estafetas, chega às 19, mesmo que a federação norte-americana de atletismo tenha dado uma pequena ajuda, depois de ela ter falhado os 'trials' nos 400 metros para estes Mundiais, que decorrem até ao dia 24 em Eugene, no Oregon.

Felix não podia escolher melhor palco, para se despedir, já que Eugene, cidade 175 km a sul de Portland, é conhecida no meio como 'Track Town, USA', por ser o palco dos campeonatos nacionais da maior potência mundial do atletismo.

Isso bem percebeu a sua federação, que a incluiu na estafeta mista de 4x400 metros com que se encerrou o programa do primeiro dia, quase totalmente composto de eliminatórias e qualificações, com as exceções dos 20 km marcha, fora do estádio.

De manhã, ainda sem Felix na equipa, os Estados Unidos foram os mais rápidos a apurarem-se para as finais da estafeta, onde partiam como favoritos.

Allyson Felix, no segundo percurso, não comprometeu, mas no quarto, Kennedy Simon, deitou tudo a perder. Com um 'estouro monumental', desceu de primeira para terceira na reta final, assegurando apenas o bronze, atrás da República Dominicana (3.09,82 minutos) e Países Baixos.

O dia tinha começado 'calmo', com as qualificações do lançamento do martelo - para a história fica que o canadiano Adam Keenan foi o primeiro a marcar, no centenário estádio Hayward Field da Universidade de Oregon.

Nenhum favorito 'tropeçou' no salto em altura e na ronda preliminar dos 100 metros esteve o refugiado congolès Dorian Keletela - passou sem problemas, já não conseguiu superar a ronda seguinte.

Nos 20 km marcha, o setor feminino terminou com uma histórica primeira medalha, e logo de ouro, para o Peru, através de Kimberly Garcia Leon, uma experiente marchadora de 28 anos mais ainda sem títulos a este nível. Com 1:26.58 horas, estabelece novo recorde nacional.

Uma portuguesa esteve em bom plano: Ana Cabecinha, com o melhor registo dos três últimos anos, foi nona, regressando assim ao top-10 da distância.

Entre os homens, dominaram os japoneses, com Toshikazu Yamanishi a conservar o ceptro conquistado há três anos em Doha, com o tempo de 1:19.07, no que então foi a estreia vitoriosa na prova para os nipónicos. A seguir entrou o compatriota Kobi Ikeda.

Nas qualificações da tarde, a portuguesa Auriol Dongmo esteve 'imperial' no lançamento do peso. Bastou um lançamento, 19,38, para que a campeão mundial 'indoor' passasse à final.

As principais opositoras também passaram, como a chinesa Lijao Gong, campeã olímpica, a norte-americana Chase Ealy, líder mundial do ano, ou ainda a canadiana Sarah Mitton, a neerlandesa Jessica Schilder e as outras norte-americanas, Meggie Ewan e Jessica Woodard.

Já se antevê uma 'chuva' de medalhas para os Estados Unidos, pela forma como estiveram no peso masculino (o recordista mundial Randy Crouser quase um metro à frente da concorrência) e na vara feminina (a vice-campeã Sandi Morris é uma das 12 finalistas), mas sobretudo nos 100 metros, onde os mais rápidos foram Fred Kerley e Treyvon Bromell, os únicos 'sub 9,90' do dia.

Nos 1.500 metros femininos, a primeira ronda mostrou a etíope Gudaf Tsegay, campeã mundial 'indoor', muito mais rápida do que as outras, mas ainda não há atletas de topo eliminadas.

Todos os melhores especialistas asseguraram um lugar nos 15 para a final dos 3.000 obstáculos, com o marroquino Soufiane El Bakkali, campeão olímpico mas nunca mundial, a conseguir a melhor marca das três séries.

O campeão do salto em comprimento, o jamaicano Tejay Gale, foi eliminado nas qualificações, o que deixa a prova com 'um pódio novo', já que os outros medalhados de Doha não estão presentes. Com apenas dois apurados diretamente, e dez repescados, a prova destaca-se, para já, pela negativa.