“Ganhar. Sempre, sempre” é a resposta pronta de Pedro Pablo Pichardo quando questionado sobre o seu objetivo para os Campeonatos da Europa de atletismo em pista coberta, em Istambul, onde vai defender o título conquistado em Torun.
“Foi a primeira [medalha] pelo país. Em 2021, em Torun. Voltar é uma coisa importante. Estava na dúvida, confesso, se ia ou não. O meu treinador [Jorge Pichardo], em princípio, não queria. Mas tentei falar com ele, porque para mim representa muito. Um título europeu representa muito”, frisou Pichardo, em entrevista à agência Lusa.
O campeão olímpico, mundial e europeu ao ar livre vai chegar à cidade turca, onde vai enfrentar a qualificação na quinta-feira, tendo em vista a final marcada para o dia seguinte, apenas com uma competição disputada em 2023, nos Nacionais de clubes, em Pombal, em 12 de fevereiro, quando conseguiu 17,12 metros no primeiro salto e encerrou o concurso com um nulo, depois de abdicar de dois ensaios.
“Foi bom. Saltei com metade da corrida. Não estou a 100%. Se sai um bom resultado, ninguém sabe, mas a 100% não estou. Fiquei surpreendido com a marca que fiz, 17,12, com metade da corrida. É uma marca mais ou menos. E decidimos, depois, que íamos participar nos Europeus. Antes, estávamos na dúvida, com a federação, falar com o treinador, a ver se se ia, mas depois disso, o treinador decidiu que íamos. Está ali a fazer medições e a partir de hoje o treino já muda”, reconheceu Pichardo, enquanto observava a preparação de um treino mais pesado, na pista setubalense.
Além dos Europeus ‘indoor’, 2023 é ano de Mundial ao ar livre, no verão, em Budapeste, e Pichardo gostava de juntar aos títulos um grande salto.
“Gostaria de ganhar as competições em que estarei presente, e também gostaria de passar um grande salto. Se é por cima dos 18 metros, se é por cima do recorde do mundo... um dos dois já me deixaria muito feliz. Em dois anos, fiquei pertinho mas não consigo passar os 18. Fiz 17,98, nos Jogos [Olímpicos de Tóquio2020], 17,95 no ano passado. Estou aí pertinho. Com uma das duas ficaria muito feliz”, revelou.
E, aos 29 anos, Pichardo ainda encontra tempo para chegar aos 18,29 metros estabelecidos como recorde do mundo pelo britânico Jonathan Edwards, precisamente com essa idade, em 1995.
“[A janela para o recorde] Está aberta. É como disse no início. Brinco muito no início da competição, e as oportunidades não se podem desaproveitar. Acontece-me em algumas competições em que estou bem, fisicamente, mas (...) estrago o próprio salto. Quando tento acordar, é tarde demais. É mais ou menos por aí. Mas a janela não está fechada”, referiu.
A ambição continua presente, sem que considere que os títulos conquistados se banalizem.
“Da minha parte, não. Até porque eu não gosto de títulos passados. Quando vejo atletas que ainda estão no ativo, ainda competem, e gostam de dizer ‘ah já conquistei, não preciso’... fico chateado quando vejo num jornal um atleta que fala como se não precisasse de mais nada, porque já conquistou. Então, como assim? Estamos aqui a fazer o quê? Para isso, estava em casa. Quando venho para aqui, é do zero. Até acabar a minha carreira, quero mais títulos. Quinze, o que for. Quero mais. A cabeça não fica: ‘já ganhei, é o topo’. Não, quero mais”, vincou.
Por isso, quando confrontado com o objetivo que estabelece para sexta-feira, Pichardo tem a resposta pronta: “Ganhar. Sempre, sempre. Acho que sempre que falam comigo, nem que tenha 40 ou 50 anos, vou para a competição para tentar ganhar. Depois veremos o salto. Mas o objetivo principal é ganhar a competição. Quero trazer a medalha de ouro, é o principal objetivo. Depois, veremos o salto que sai. Na minha cabeça, naqueles palcos, é pensar em ganhar ali. Seja com 17, com 15, o que interessa é ganhar”.
Desde a conquista do título olímpico em Tóquio2020, em 2021, Pichardo vê mais jovens a treinarem no triplo salto, assinalando também a evolução do atletismo português, confirmada com a maior delegação de sempre em Europeus ‘indoor’, com 22 atletas.
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