O presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) defendeu hoje a inclusão dos 50 km marcha femininos nos Jogos Olímpicos, comparando o papel precursor de Inês Henriques, campeã mundial, ao de Rosa Mota na maratona.

No dia em que Inês Henriques conquistou o título mundial em Londres e melhorou o recorde do mundo, Jorge Vieira lembrou que Rosa Mota foi a campeã na estreia da maratona feminina em Europeus, em Atenas em 1982, ideia a que, admitiu, ele próprio era adverso.

"O atletismo tem sido um grande exemplo, tem sido um paradigma que tornou iguais as oportunidades das mulheres e dos homens nas mesmas disciplinas. Todos nós nos enganámos", reconheceu.

O dirigente quer agora que os 50 km marcha, que só foi incluída nos Mundiais de atletismo de Londres pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) há três semanas, a 23 de julho, siga o caminho não só da maratona, mas também do lançamento do martelo, do triplo salto e do salto com vara e passe a ser disputado também por mulheres.

"Espero que se torne uma norma e que toda a gente veja com a maior das naturalidades a entrada desta prova no programa olímpico e nos principais calendários internacionais", salientou.

A admissão da disciplina nos Campeonatos Mundiais só foi aceite pela IAAF após uma grande campanha liderada pela norte-americana Erin Talcott, mas que também envolveu a FPA.

Inês Henriques, que até agora competia em 20 km, já revelou que vai dedicar-se a esta distância, mas que fará a prova dos 50 km se esta for admitida nos Jogos Olímpicos de Tóquio2020.

A atleta do CN Rio Maior, de 37 anos, foi cronometrada em 4:05.56 horas, pulverizando o seu recorde mundial, que estava fixado nas 4:08.25 horas e datava de 15 de janeiro de 2017, em Porto de Mós.

Até chegar a Londres, Inês Henriques tinha no currículo três participações olímpicas, a última das quais no Rio2016, onde alcançou o 12.º posto nos 20 km marcha. A atleta conta ainda um sétimo posto nos Mundiais de 2007 e um nono nos Europeus de 2010, sempre na distância dos 20 km.