A neerlandesa Femke Bol, com uma ponta final incrível na estafeta 4x400, o norueguês Jakob Ingebrigtsen, nos 5.000, e a ucraniana Yaroslava Mahuchikh, no salto em altura, foram hoje as ‘estrelas’ do encerramento dos Mundiais de atletismo Budapeste2023.
Pouco depois de os Estados Unidos terem vencido a sua quarta estafeta, juntando os 4x400 metros masculinos aos mistos e aos 4x100 de ambos os sexos, com o melhor registo do ano (02.57,31 minutos), à frente da França (02.58,45) e da Grã-Bretanha (02.58,71), os Países Baixos quebraram esta hegemonia na prova feminina.
Femke Bol, depois da queda a 20 metros da meta na estafeta mista e de se ter sagrado campeã do mundo nos 400 metros barreiras, foi implacável nos últimos 100 metros, aos quais chegou na terceira posição.
A neerlandesa, de 23 anos, bateu no sprint final a britânica Nicole Yeargin e, depois, praticamente em cima da linha de chegada, a jamaicana Stacey Ann Williams, para concluir o percurso em 03.20,72 minutos.
Também na reta da meta Jakob Ingebrigtsen prolongou o seu reinado nos 5.000 metros, ‘roubando’ a vitória ao espanhol Mohamed Katir, depois de ter sido batido, tal como no ano passado em Eugene, nos Mundiais Oregon2022, nos 1.500 metros.
Aos 22 anos, o fundista norueguês repetiu o seu medalheiro de 2022, com a medalha de ouro nos 5.000 depois da prata na distância mais curta.
Ingebrigtsen, campeão olímpico nos 1.500 em Tóquio2020, venceu com o seu melhor tempo do ano, em 13.11,30 minutos, menos 14 centésimos do que Katir, que depois do bronze nos 1.500 em Oregon2022 não chegou à final em Budapeste2023, e 98 do que o queniano Jacob Krop.
A ucraniana Yaroslava Mahuchikh também confirmou o favoritismo no salto em altura, subindo um lugar no pódio relativamente ao ano passado, ao transpor 2,01 metros, trocando de posição com a australiana Eleanor Paterson, segunda com 1,99.
A também australiana Nicola Olyslagers, detentora da melhor marca do ano (2,02), terminou no terceiro lugar, também com 1,99.
Mahuchikh, medalha de bronze olímpica, sucedeu a Armand Duplantis com a honra de encerrar uns Mundiais, com um ensaio a 2,07 metros, para bater o recorde ucraniano, mas sem sucesso, ao contrário do sueco, que, em 2022, melhorou o recorde do mundo no salto com vara.
Mais surpreendente foi o triunfo nos 800 metros da queniana Mary Moraa, ‘vingando’ o bronze do ano passado frente à campeã olímpica e mundial em título, a norte-americana Athing Mu, que não foi além do terceiro lugar, após ter sido também surpreendida pela britânica Keely Hodgkinson, repetente na prata.
Na distância em que a moçambicana Maria Mutola ainda é a recordista de triunfos, com três, e de medalhas, com cinco, as ocupantes do pódio repetiram-se, com a subida de Moraa ao topo, após vencer em 01.56,03 minutos, a manutenção de Hodgkinson (01.56,34), ‘vice’ em Toquio2020, e a descida de Mu (01.56,61).
Implacável foi Winfred Mutile Yavi, do Bahrain, para arrebatar o título de campeã do mundo nos 3.000 metros obstáculos, com a quarta melhor marca da história (08.54,29 minutos), depois dos quartos lugares em Doha2019 e Oregon2022.
Yavi, de 23 anos, sucedeu à cazaque Norah Jeruto, ao deixar as quenianas Beatrice Chepkoech e Faith Cherotich nas segunda e terceira posições, respetivamente, com os tempos de 08.58,98 e 09.00,69.
No lançamento do dardo, o indiano Neeraj Chopra, com um arremesso a 88,17 metros, juntou o título mundial ao olímpico, depois da prata em Oregon2022, sucedendo ao granadino Anderson Peters, que foi eliminado na qualificação.
Chopra subiu ao pódio na companhia do paquistanês Arshad Nadeem (87,82), melhorando o quinto lugar dos Mundiais do ano passado, enquanto o checo Jakub Vadlejch (86,67), prata em Tóquio2020, repetiu o terceiro lugar e impediu a Alemanha de conquistar uma medalha na capital húngara, com Julian Weber (85,79) a não melhorar o quarto lugar de 2022.
O anunciado dia mais quente do ano em Budapeste amanheceu com 22º celsius às 07:00, hora da partida para a maratona masculina, vencida pelo ugandês Victor Kiplangat, que liderou a partir dos 33 quilómetros.
Também aos 23 anos, Kiplangat juntou a medalha de ouro na maratona ao de campeão de corrida de montanha, conquistado em 2017, na sua quinta experiência nos 42,195 quilómetros, entre as quais se conta o triunfo na maratona de Istambul, em 2021, em 02:08.53 horas, já com 28º celsius.
O israelita Maru Teferi terminou no segundo lugar, com o tempo de 02:09.12 horas, menos sete segundos do que o etíope Leul Gebresilase, medalha de bronze, numa corrida em que Tamirat Tola, detentor do título, depois de ter andado durante grande parte do percurso entre os da frente, foi um dos 24 desistentes na canícula húngara.
Os Estados Unidos voltaram a dominar o medalheiro, com 29 ‘metais’, 12 de ouro, oito de prata e nove de bronze, à frente de Canadá (quatro ouros e duas pratas) e da Espanha (quatro ouros, todos na marcha, e uma prata).
Seguem-se Jamaica e Quénia, ambos com três ouros, numa ‘corrida’ com 46 vencedores, entre as quais a anfitriã Hungria, que, apesar de continuar a perseguir o seu primeiro ouro, arrebatou uma medalha de bronze, por Bence Halaz, no lançamento do martelo, a 12.ª no total.
Na classificação por pontos, para os oito primeiros, sendo que o primeiro recebe oito e o oitavo um, os Estados Unidos também lideram destacadamente, com 277, mais do dobro da Jamaica, segunda classificada, com 139.
O Quénia ocupa o terceiro lugar deste 'pódio', com 112, à frente de Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, com 102.
Nesta hierarquia, entre os 71 países com atletas finalistas, Portugal terminou no entre os 54.ºs classificados, com seis pontos, a pior pontuação lusa de sempre, em igualdade com Áustria, Barbados, Costa do Marfim, Croácia, Grenada e Qatar.
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