O Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) vai analisar no final de julho o recurso apresentado por várias atletas, entre elas a portuguesa Inês Henriques, para que os 50 km marcha femininos sejam integrados nos Jogos Olímpicos Tóquio2020.
A atleta portuguesa, atual campeã europeia e mundial, encabeça a lista de atletas que reclama igualdade de género junto do TAS, visando o Comité Olímpico Internacional e Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF), visto que a prova de 50 km marcha é a única que consta do programa olímpico que não tem equivalente em femininos.
A IAAF alega que a prova de 50 km marcha em femininos carece atualmente de profundidade e qualidade para justificar o estatuto olímpico.
O Tribunal Arbitral do Desporto, sediado em Lausana, na Suíça, informou hoje que irá analisar o recurso entre os dias 29 e 30 de julho.
Quando Henriques conquistou o primeiro título mundial em 2017, fixando então o recorde mundial eme 4:05:56 segundos, apenas sete atletas de quatro países iniciaram a corrida, das quais chegaram ao fim apenas quatro. Esse recorde já foi, entretanto, batido pela chinesa Liu Hong, com um tempo inferior a quatro horas.
Inês Henriques, de 39 anos, que conquistou também, o título europeu na especialidade numa prova em que participaram 19 atletas, afirmou numa entrevista ao ‘site’ da IAAF em 2018 que o seu sonho era competir em Tóquio com mais de trinta mulheres e manifestou a expectativa de que o COI e a IAAF lhe permitissem a realização desse sonho.
Este processo junto do TAS foi desencadeado pelo advogado norte-americano Paul DeMeester, que já tinha sido determinante na ação legal que levou a IAAF a incluir a prova nos Mundiais de 2017.
Entre os nomes que respaldam o pedido de DeMeester, além de Inês Henriques, constam os nomes da australiana Claire Woods, das equatorianas Paola Pérez, Johana Ordoñez e Magaly Bonilla e da espanhola Ainhoa Pinedo, e de alguns atletas masculinos, como o neozelandês Quentin Rew.
Em 2017, DeMeester acusou a IAAF de discriminação por não prever a prova no seu programa, e a pressão foi bem-sucedida, já que acabou por se realizar, em Londres2017, uma histórica prova da distância mais longa da marcha, ainda que só com sete mulheres.
A prova repetiu-se nos Europeus, mas para os Jogos Olímpicos o comité de marcha da IAAF tem considerado que havia necessidade de melhorar a qualidade da prova feminina para que seja elegível em termos de Jogos.
DeMeester defende que é discriminatório haver marcha masculina e não feminina nos Jogos e adianta por outro lado que não é essencial que se façam duas provas separadas, bastando classificações separadas no final.
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