O basquetebolista português João ‘Betinho’ Gomes anunciou a sua retirada da seleção, devido às lesões que o afetaram nos últimos anos, depois de mais de uma década a vestir a camisola de Portugal.

A conferência de imprensa de divulgação dos convocados para a terceira ronda de pré-qualificação para o Eurobasket2021 tornou-se também a ‘cerimónia de despedida’ do jogador do Aquila Basket Trento, de 34 anos.

“Nos últimos três ou quatro anos tenho faltado à seleção por pequenas lesões. Como tenho o objetivo de jogar mais quatro ou cinco anos ao mais alto nível, chegámos à conclusão de que esta era a melhor decisão a tomar para descansar o corpo”, assumiu, sublinhando: “Já andava a pensar nisto, mas não queria. Sinto como se fosse uma ingratidão para com a federação. Não ver o nome ali [na convocatória] é estranho, mas há um fim para tudo”.

Recordando vários “momentos inesquecíveis” pela seleção, mas com o Europeu de 2007 à cabeça, João ‘Betinho’ Gomes deixou vários agradecimentos à Federação, em especial ao presidente, Manuel Fernandes. Em resposta, o líder do organismo vincou que o atleta oriundo de Cabo Verde se tornou “uma referência” da modalidade em Portugal.

“Haverá uma parte da história do basquetebol português que registará a presença do ‘Betinho’. O João ‘Betinho’ Gomes protagonizou a primeira possibilidade séria de haver um jogador português na NBA. Foi fustigado por muitas lesões, algumas delas graves. Vai continuar a ser uma referência e a contribuir para a promoção da modalidade. É uma imagem de marca”, explicou.

Já o selecionador nacional, Mário Gomes, reconheceu que a saída de ‘Betinho’ cria “um mau problema” para a construção da equipa, mas manifestou a sua compreensão face à decisão do internacional português.

“É tudo menos fácil, mas é a vida. A decisão que o ‘Betinho’ tomou é uma decisão compreensível. Se há alguém que queria continuar sempre na seleção é o ‘Betinho’. Infelizmente, o ‘material’ desgasta-se e, contra a vontade dele, teve de tomar esta decisão. É uma falta que vai custar muito a substituir. É verdade que não há insubstituíveis, mas há uns que são mais difíceis de substituir do que outros”, finalizou.

O extremo português dos italianos do Aquila Basket Trento termina assim a sua passagem pela seleção portuguesa, num percurso profissional que inclui ainda Barreirense, Benfica, Cantabria Lobos, Breogán Lugo e Morabanc Andorra, além de ter passado pelos campos de treino da principal liga norte-americana (NBA), em 2007.