Demontaze ‘Juicy’ Duncan, 18 anos, acredita que tem o destino traçado como campeão do mundo de boxe depois de ter vencido todos os prémios do ‘Midwest’ dos Estados Unidos e derrotando os “diabos” da vida.
“Adoro combater, adoro entrar em combate com outras pessoas e esta é a forma de entrar em ação sem me meter em problemas. Adoro a competição”, diz à Lusa o pugilista afro-americano de Louisville, que se prepara para os campeonatos nacionais em dezembro e depois de ter vencido um título internacional na categoria de super-médios.
‘Juicy’ Duncan, órfão de mãe desde os cinco anos encontrou o “diabo” nas ruas e passou por muitas casas de acolhimento e instituições para jovens com problemas de violência acabando por ser adotado legalmente aos 15 anos pelo “treinador branco” Nicholas Bareis que “aposta” tudo no jovem pugilista “que vai ser o próximo campeão do mundo”.
O boxe é mais do que um desporto e teve um lugar central muito relevante na mentalidade da sociedade norte-americana, sobretudo junto das classes trabalhadoras, entre os anos 1920 e 1970, tendo sido tanto ou mais popular do que o futebol ou o basebol atualmente.
Os nomes dos pugilistas Muhammad Ali (1942-2011), natural de Louisville, Joe Frazier, Floyd Preston ou Sonny Liston fazem parte da cultura popular dos Estados Unidos, muitas vezes encarados como figuras complexas, mas que acabaram por marcar as questões raciais e políticas do país durante várias décadas.
Por causa de Muhammad Ali, Louisville, no Estado do Kentucky, é uma cidade marcada pelo boxe sobretudo junto das populações mais desfavorecidas da zona oeste e sul, junto ao rio Ohio.
“A minha vida é um combate. Isto é uma arte e foi também uma forma de eu fugir das minhas confusões. Em vez de me meter em confusões, meti-me dentro de um ringue. Adoro lutar contra outras pessoas. Aliás, minha vida é um combate”, afirma ‘Juicy’ Duncan durante uma pausa do treino com outros três jovens pugilistas que fazem parte da equipa formada pelo treinador Nicholas ‘Nick’ Bareis.
O “futuro campeão do mundo” acaba de deixar fora de combate o Troy, 17 anos, outro membro da equipa de pugilistas que quase “vai ao tapete” depois de um “gancho” e um soco direto no nariz e nos lábios.
O treino teve de parar ao quarto ‘round’ dando descanso aos outros três atletas: Troy que recupera do soco; Nassel, 15 anos e que se prepara para combater contra ‘Juicy’ Duncan e Joseph, o mais jovem também com 15 anos e que treina incansavelmente nos sacos de boxe pendurados no teto.
Duncan não é muito alto, mas tem um soco do punho direito “extremamente potente” e, por isso, tem de saber “destruir a defesa” do adversário obrigando-o a baixar a guarda ao mesmo tempo em que dá uma meia volta como fazem os toureiros em Espanha para depois disparar em cheio, como se fosse uma tourada”, explica o treinador num canto do ringue.
O “campeão” treina duas vezes por dia: de manhã e ao princípio da noite, primeiro sozinho e depois com mais três companheiros no ringue da escola de boxe “Champ Camp”, na zona baixa de Louisville, ou na cave da casa do treinador transformada em ginásio.
“Sinto-me muito bem a praticar boxe e é muito difícil, por isso estou sempre a praticar porque é a única forma de me manter em forma”, diz ‘Juicy’ Duncan que além de pugilista e “futuro campeão do mundo” é, “por opção própria”, ativista político e membro da campanha de Joe Biden no Kentucky.
O democrata Biden disputa o regresso à Casa Branca, onde ocupou a vice-Presidência durante os dois mandatos de Barack Obama (2009-2017), contra o republicano Donald Trump, que se recandidata ao cargo.
As eleições estão marcadas para 03 de novembro.
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