O Comité Olímpico Internacional (COI) e a Agência Mundial Antidopagem (AMA) lamentaram hoje que a justiça espanhola tenha recusado o acesso às bolsas de sangue apreendidas no âmbito da “Operação Puerto”.
A justiça espanhola condenou, na passada terça-feira, a um ano de prisão o médico Eufemiano Fuentes, no centro deste caso de doping organizado, mas recusou o acesso aos 221 sacos de sangue e de plasma apreendidos em 2006 e reclamados pela Agência Mundial Antidopagem (AMA) e outras entidades.
A Agência Espanhola Antidopagem também anunciou a sua intenção de recorrer da sentença do tribunal de Madrid, que ordenou a destruição das amostras, esgotando todos os recursos.
«É lamentável que a prova utilizada neste processo não esteja disponível para as organizações antidopagem, para continuar a luta contra o doping», considerou o COI, que na véspera lembrou que «não podia haver lugar para o doping no desporto», condenando, sem reservas, «as ações de qualquer pessoa que contribua para que haja atletas com vantagem injusta por meio de substancias ilícitas».
Também a AMA considera que a decisão de destruir parte das amostras é «dececionante e insatisfatória».
«O acesso a estas provas motivou a contribuição da AMA em todo este processo. Esses elementos de prova permitiriam impor sanções desportivas adequadas aos batoteiros da verdade desportiva que tiveram o apoio do médico Fuentes, cujas práticas contra a saúde pública foram consideradas de crime pelo tribunal», explicou o diretor geral da AMA, David Howman, em comunicado.
O mesmo responsável adiantou ainda que a AMA está a estudar a possibilidade de apelar da sentença, cujo prazo limite é 17 de maio, ou intentar outra qualquer ação.
A sentença da juíza Julia Patricia Santamaria impôs penas de um ano e quatro meses de prisão ao médico Eufemiano Fuentes e para o ex-preparador Ignacio Labarta, respetivamente.
Sete anos de processo e dois meses de julgamento concluíram que Fuentes é o autor direto e Labarta cúmplice de delito contra a saúde pública. Fuentes pode continuar a exercer a profissão de médico, mas interdito de praticar medicina desportiva por quatro anos.
Os outros três acusados, os ex-diretores Manolo Saiz e Vicente Belda, e a médica Yolanda Fuentes foram absolvidos pela juíza.