O belga Eddy Merckx, um dos maiores ciclistas da história, defendeu hoje que os corredores que usem dopagem mecânica devem ser irradiados do desporto, uma vez que, na sua opinião, este delito é pior do que a dopagem comum.

“Para mim, têm de irradiá-los. Pelo que vi na televisão, não foi a primeira vez que aconteceu. Isto é o pior que se pode fazer, é o mesmo que ir de mota”, disse Merckx ao site especializado Cyclingnews, na sequência da investigação iniciada pela União Ciclista Internacional (UCI) à sub-23 belga Femke Van den Driessche por fraude tecnológica.

No sábado, durante os Mundiais de ciclocrosse, os comissários da UCI detetaram um pequeno motor na bicicleta da corredora, que ironicamente tinha desistido da prova por problemas mecânicos.

Para o ciclista mais laureado da história, o doping mecânico constitui uma forma mais descarada e grave de batota do que a dopagem química, pelo que a sanção a aplicar aos prevaricadores deve ser mais dura.

“Para mim é pior que a dopagem. Proporciona-lhes mais 50 watts, ou até 100, depende. Isso não tem nada a ver com ciclismo, é motociclismo. Deveriam ir competir com o Valentino Rossi”, sustentou.

Questionado sobre se o caso de Van den Driessche é simplesmente a ponta do iceberg, Merckx retirou importância aos rumores de que esta é uma prática comum no pelotão profissional, considerando que este é um incidente isolado.

“Não acredito que haja muitos [ciclistas] tão estúpidos para fazer algo do género. Isto só pode acontecer com corredores sem experiência. O que aconteceu é muito mal para o ciclismo”, reforçou.

Segundo os regulamentos da UCI, a jovem belga arrisca uma suspensão mínima de seis meses.