O ex-ciclista alemão Tony Martin arrecadou 35 mil euros para ajudar crianças ucranianas com o leilão da prata olímpica conquistada no contrarrelógio em Londres2012 e viu hoje a sua generosidade recompensada pelo comprador, que lhe devolveu a medalha.

“Estou sem palavras. Não só a FitLine – autora da oferta mais elevada pela minha prata olímpica – arredondou a doação para 35 mil euros, como o diretor-geral Torsten Weber me devolveu a medalha”, começou por revelar o vice-campeão olímpico de contrarrelógio de Londres2012.

Martin, que ‘encostou’ a bicicleta no final da temporada passada, prossegue garantido que, embora estivesse “absolutamente” confortável com a sua decisão, ficou sensibilizado com o “gesto incrivelmente generoso” do comprador.

“Quero agradecer à FitLine pelo grande apoio ao meu projeto caritativo, mas também por me devolver a oportunidade de, um dia, poder mostrar a minha medalha olímpica aos meus netos”, referiu.

Em 27 de março, o alemão tinha anunciado que ia doar a medalha de prata do contrarrelógio dos Jogos Olímpicos Londres2012 para angariar fundos para a Wir Helfen Kindern, uma instituição alemã de apoio a crianças, com as verbas a reverterem a favor dos menores ucranianos afetados pela investida militar russa.

“Separar-me do maior troféu que consegui ganhar na carreira não foi fácil, mas considerando que milhões de pessoas perderam quase tudo, é algo que quero mesmo fazer. Espero, do fundo do coração, que o povo ucraniano possa ter de volta a sua paz e liberdade”, escreveu, então, na sua conta na rede social Instagram.

Tony Martin, de 36 anos, foi um dos maiores especialistas de sempre no contrarrelógio, tendo conquistado quatro títulos mundiais da especialidade (2011, 2012, 2013 e 2016), um recorde que partilha com o suíço Fabian Cancellara.

O alemão, que venceu a Volta ao Algarve em 2011 e 2013, venceu cinco etapas da Volta a França, onde chegou a vestir de amarelo (2015), duas etapas na Vuelta e 10 títulos nacionais de contrarrelógio, entre muitas outras vitórias, antes de retirar-se no final da temporada passada.

No vasto palmarés do ‘Panzerwagen’ ficou a faltar o ouro olímpico na luta contra o cronómetro, com a prata de Londres2012 a figurar como o seu melhor resultado.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.842 civis, incluindo 148 crianças, e feriu 2.493, entre os quais 233 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,5 milhões para os países vizinhos.