Os dois diretores desportivos envolvidos no julgamento da Operação Puerto garantiram hoje desconhecer os tratamentos feitos à base de transfusões sanguíneas, alegadamente feitos pelo médico Eufemiano Fuentes, outro dos envolvidos numa vasta rede de dopagem sanguínea no ciclismo.

Manolo Saiz, antigo diretor da ONCE e da Liberty, admitiu ter permitido que ciclistas seus, como Roberto Heras, Marcos Serrano e Angel Vicioso, fossem tratados pelo médico Eufemiano Fuentes, mas disse desconhecer o tipo de tratamento que faziam.

Saiz garantiu nada saber sobre a realização de autotransfusões e explicou que a sua relação profissional com Fuentes terminou em 1991.

O antigo diretor desportivo garantiu que no dia em que foi detido juntamente com Fuentes, a 23 de maio de 2006, se encontrou com o médico para falar sobre a sua filha e não para saldar uma dívida.

Saiz justificou os cerca de 60.000 euros que tinha consigo no momento da detenção, afirmando que a equipa iniciava uma concentração nesse dia, e que na qualidade diretor desportivo teria de entregar dinheiro a vários elementos da equipa.

Vicente Belda, que foi diretor desportivo das equipas Kelme e Comunidad Valenciana, disse desconhecer o tratamento feito à base de transfusões sanguíneas.

Belda referiu que conheceu Fuentes desde 1995, quando este trabalhou na Kelme, mas assegurou que quando o médico deixou a equipa nunca o recomendou a nenhum ciclista.

Vicente Belda classificou como “indisciplinado” o ciclista Jesus Manzano, cujas declarações originaram grande parte da Operação Puerto, e revelou aspetos da vida privada, que levaram o advogado do antigo ciclista a apresentar uma queixa por ofensas à honra.

Os dois antigos diretores desportivos e o médico Eufemiano Fuentes são três dos sete acusados de terem organizado uma vasta rede de dopagem sanguínea.

Os implicados são acusados de executar um processo de manipulação de sangue, que consistia na preparação de concentrações de eritrócitos com um alto nível de hematócrito - para aumentar o rendimento físico - que posteriormente eram administrados nos desportistas, por transfusão.