O ciclista português João Almeida (Deceuninck-QuickStep) admitiu hoje que os adversários na Volta a Itália já o têm em consideração nas contas para a vitória final na corrida, após quase duas semanas com a camisola rosa.
A desfrutar do segundo dia de descanso na sua primeira competição de três semanas, o jovem líder da prova, de 22 anos, admitiu que era “normal” que os seus adversários pensassem que a sua liderança, conquistada logo na segunda etapa, seria temporária, e que ele próprio está surpreendido por manter-se na liderança.
“Isso mudou, sim. Vamos ver como é que esta semana corre”, limitou-se a dizer quando questionado sobre se a concorrência já o tinha em conta, numa conferência de imprensa realizada através de uma plataforma digital online.
Ainda assim, o ciclista natural das Caldas da Rainha referiu que continua a não acreditar que pode vencer o Giro e que só o fará “se chegar ao último dia” com a camisola rosa vestida, algo que só acredita ser possível “se mantiver a consistência”.
“Se tiver um dia mau, não há muito que possa fazer. É uma surpresa ainda estar com a camisola rosa, sem dúvida, mas acho que se mantiver a consistência, talvez seja possível. Mas nunca fiz um grande ‘tour’, por isso é imprevisível. Creio que se continuar com esta consistência será sempre possível, mas muito difícil”, assinalou João Almeida.
Antevendo uma última semana de corrida “muito dura”, Almeida garantiu que “não há um plano” para abordar o que falta da corrida como um todo e que a estratégia passará por “ir vendo dia a dia todas as etapas”, que vão endurecer na última semana da competição, mas são do seu agrado.
“Pessoalmente, gosto deste tipo de etapas, duras, com várias subidas longas. Mas já temos duas semanas nas pernas, vão ser etapas com mais de 200 quilómetros e sem dúvida que vai ser um desafio. E eu gosto de desafios”, comentou.
E, num momento em que a corrida vai endurecer, tem dado que falar a forma como João Almeida teve de defender sozinho a camisola rosa na 15.ª etapa, depois de ‘descolar’ do grupo onde seguia o seu principal perseguidor, o holandês Wilco Kelderman (Sunweb).
Nesse aspeto, o português saiu em defesa dos seus companheiros, ressalvando que “o Kelderman teve um dia super”, que “eles estavam bem, mas não àquele nível” e garantindo estar “muito grato por tudo o que fizeram até agora”.
“Sinto que tenho feito história e estou muito orgulhoso da minha equipa pelo trabalho que tem feito. Fazerem mais é impossível. Ontem [domingo] senti-me muito bem e ali é mesmo uma questão de capacidade. Simplesmente, quando o [Wilco] Kelderman e o Jai [Hindlei] aceleraram, não tive pernas para seguir e era indiferente estar com um colega ou não”, desvalorizou o líder do Giro.
Sobre esse momento e o sofrimento que passou nos últimos quilómetros da etapa, João Almeida confessou que, quando viu os adversários arrancar, ainda pensou que “conseguiria fechar o espaço”, mas depois foi “tentar perder o menos possível”.
“O sofrimento faz parte, é passar aquela barreira mental, ir além dos limites. Para mim, é a partir daí que se começa a sofrer, porque ao sofrimento físico já estamos habituados. A mente é que manda, a dor física é tolerável, mas a mental é complicada”, confessou.
João Almeida lidera a Volta a Itália no segundo dia de descanso da competição, após 15 etapas cumpridas, com uma vantagem de 15 segundos para o holandês Wilco Kelderman (Sunweb).
A corrida será retomada na terça-feira, para uma semana que será marcada por etapas longas e com muitas contagens de montanha, terminando no domingo, com a chegada a Milão.
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