A contratação do ciclista espanhol Gustavo Veloso, vencedor das edições de 2014 e 2015 da Volta a Portugal, aumenta a exigência da Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel, admitiu o diretor desportivo Vidal Fitas.

“Uma coisa é ter alguém, como o Frederico [Figueiredo], que poderia ser um candidato a ganhar uma Volta a Portugal. Outra é ter um candidato que já a ganhou. Dá uma responsabilidade diferente e passamos a ter outros holofotes voltados para nós, mas já sabemos como reagir nestas situações”, explicou à agência Lusa o técnico.

Gustavo Veloso, de 40 anos, lidera o quarteto de reforços dos algarvios, depois de cinco temporadas ao serviço da W52-FC Porto, num total de oito na mesma estrutura, com as passagens anteriores por OFM-Quinta da Lixa (2013-2014) e W52-Quinta da Lixa (2015).

“Soubemos da sua vontade em ir para um projeto no qual fosse líder e pudesse lutar pela Volta a Portugal sem contingências de equipa. Apresentámos a nossa ideia e ele aceitou. A Volta é o principal objetivo e não descuramos outros. Não seremos favoritos, mas vamos ter as nossas armas e assumiremos a nossa quota-parte sem rodeios”, vincou.

Na sessão ocorrida na sede da indústria de conservas de peixe Ramirez, em Matosinhos, também foram apresentados Rafael Lourenço (ex-Kelly-Simoldes-UDO), Emanuel Duarte (ex-LA Alumínios–LA Sport) e o espanhol Samuel Blanco (ex-Supermercados Froiz).

“São três jovens inseridos na nossa conceção de futuro, até porque o Gustavo [Veloso], o [Alejandro] Marque ou o David Livramento não são eternos. Temos de preparar toda a renovação de atletas veteranos, pelo que fomos buscar três bons atletas, que vão tendo credenciais bastante importantes no ciclismo nacional e não só”, justificou Vidal Fitas.

O diretor desportivo da Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel valoriza a presença do ciclista mais consistente na última década na principal prova velocipédica nacional, acreditando que ajudará a encurtar o período de aprendizagem dos talentos jovens.

“Não sabes o que é lutar por uma Volta a Portugal sem estares inserido numa equipa que lute por ela. É totalmente diferente estares numa equipa em que vais fazer um bom lugar do que em estar numa equipa que luta pelo triunfo. A pressão, o compromisso e outras atitudes que se tomam durante a corrida são diferentes e tudo isso se aprende”, frisou.

Gustavo Veloso foi segundo na última Volta a Portugal, atrás de Amaro Antunes, então companheiro de equipa na W52-FC Porto, repetindo o desempenho de 2013 e 2016, e assume ter prolongado a carreira de ciclista devido aos efeitos da pandemia de covid-19.

“Queria terminar a minha carreira desportiva com o ciclismo que todos conheciam, com provas durante todo o ano e adeptos nas saídas, nas chegadas e nas bermas. Este ano foi muito estranho. Só tive 15 dias de competição, mais de metade na Volta. Fiquei com a sensação de não me poder despedir do que foi a minha vida durante 20 anos”, contou.

A decisão do ciclista galego foi tomada “praticamente a meio” da última Volta a Portugal, decorrida entre 27 de setembro e 05 de outubro, visando adquirir maior liberdade competitiva em prol da terceira vitória na competição, “um sonho que já faz tempo”.

“Achei necessário mudar para ter uma equipa à minha disposição e partilhar a liderança apenas com mais um atleta, não com quatro ou cinco. Se um colega se colocava como líder de uma corrida e com vantagem suficiente para assegurar a vitória, a minha posição passava por afastar os interesses pessoais e pensar no melhor para a equipa”, lembrou.

Ávido por “sair em grande” e com 12 vitórias em etapas, Gustavo Veloso privilegiou o convite da Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel, considerando ser o “melhor destino” na perspetiva financeira e desportiva.

“A nível de experiência, tem um diretor desportivo que já discute a Volta a Portugal há muitos anos e conseguiu ganhá-la quatro vezes [entre 2008 e 2011]. Tenho aqui um grande amigo, o Alejandro Marque, que ajudou a inclinar a balança. Buscava um bom ambiente, sei que ia tê-lo noutras equipas, mas ele é quase como um irmão”, concluiu.