O português Tiago Machado (NetApp-Endura) recordou hoje o dia de “horror” vivido na segunda-feira, durante a 10.ª etapa da Volta a França em bicicleta, e a sua perseverança apesar de consciente de falhar o controlo, após ter caído.
“Nunca um dia de descanso numa grande volta foi tão bem vindo como o de hoje. Depois de um início de prova que a meu ver foi bastante positivo, o dia de ontem [segunda-feira] foi um horror. Depois da violenta queda que sofri, andar a cambalear durante algum tempo, sentar me na ambulância nunca pensei que iria chegar a meta”, escreveu o ciclista português na sua página oficial no Facebook.
Tiago Machado até tinha partido para os 161,5 quilómetros no terceiro lugar da classificação geral, mas uma queda fê-lo chegar fora de controlo na tirada, na 180.ª e última posição da etapa, 43.06 minutos depois do vencedor e novo camisola amarela, o italiano Vincenzo Nibali (Astana).
O corredor natural de Famalicão recorda o episódio ocorrido após a queda, quando um médico tentava administrar-lhe um analgésico, enquanto estava preocupado com a bicicleta, por querer continuar no Tour, prova em que cumpre a estreia.
“Depois disto fiz-me à estrada sabendo que ia ser impossível chegar dentro do tempo limite, mas não deixei de acreditar pois enquanto há vida há esperança. O que me fez seguir?! Não foi o sonho de chegar a Paris mas sim dar a certeza aos meus pais, irmãos, amigos de que se eu ia em cima da minha bicicleta estava tudo bem. Passar na zona de abastecimento e ver a minha massagista a chorar ainda me deu mais forças para continuar”, referiu.
Depois de a própria organização da prova o ter dado como desistente, Tiago Machado foi repescado pelo colégio de comissários da corrida, premiando o seu esforço.
“Finalmente vi a meta e o tempo que ia a perder e como nunca fui mau a matemática soube na hora que não havia conseguido. Não contive a emoção e chorei. Não de dor, mas de frustração juntamente com quem me esperou por mais de 40 minutos na meta. Agradeço à organização do Tour a oportunidade de me deixar seguir em prova, aos meus companheiros que lutaram comigo, ao diretor que nunca me abandonou, a massagista que não me abandonou nem um minuto, a todos que me deixaram palavras de carinho, a minha família e amigos”, conclui Tiago Machado.
A “aventura” do corredor famalicense mereceu destaque por parte do jornal francês L’Équipe, que utiliza como título “heroico Machado”.
Os ferimentos, ilustrados com várias imagens, entre as quais uma em que Tiago sorri enquanto é suturado, e a ovação de pé na meta, em La Planche des Belles Filles, são para o L’Équipe, justificação suficiente para o repescar: “O português mereceu-o”.
Tiago Machado ocupa agora a 47.ª posição da geral, a 44.12 minutos de Nibali.
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