A melhor semana da carreira de Nelson Oliveira, que lhe valeu dois títulos nacionais de ciclismo, terminou com a chamada para o “nove” da Lampre-Merida na Volta a França e, consequentemente, com o viver de um sonho.

“É claro que a primeira vez é sempre uma surpresa, mas já estava à espera. Foi uma surpresa um bocado adiada até ao fim. Há sempre aquele nervosismo para se saber se se vai ou não se vai, mas estava com esperanças de ir”, disse à Agência Lusa.

Não podia ter sido de outra maneira, depois de três dias perfeitos no Sabugal, que consagraram Nelson Oliveira como campeão nacional de contrarrelógio, à frente do seu amigo Rui Costa, e campeão nacional de fundo, dois títulos que transformaram a semana passada na mais importante da sua carreira.

Com a chamada para a escolta de Rui Costa no Tour, confirmada na segunda-feira, o ciclista de Anadia, de 25 anos, cumpre um sonho antigo.

“Qualquer ciclista quando começa a sua carreira e começa a ter alguns resultados, tem o sonho de um dia estar naquele evento maior do ciclismo, que é o Tour. Por vezes, estamos a ver televisão e queremos um dia estar ali, ao pé deles. Esse sonho penso que se vai realizar no sábado”, disse, referindo-se ao dia de arranque da 101.ª edição da `Grand Boucle´, em Leeds, no Reino Unido.

Amigo e trabalhador fiel do campeão do Mundo, Oliveira não esconde que, mais uma vez, irá esquecer os seus objetivos para ajudar o seu líder na Lampre-Merida.

“O objetivo é estar ao lado do Rui, sempre que ele necessitar, para o que ele necessitar. Individuais, não tenho. Vou tentar cumprir aquilo que a equipa me propuser, que deverá ser estar ao lado do Rui até onde puder”, assumiu.

Feliz no papel de “escudeiro” de Rui Costa, o campeão português não esconde o orgulho de estar ao lado de um português, “que é líder e campeão do Mundo”.

“O Rui tem demonstrado que tem capacidade para isso [acabar no “top 10”], mas vai ser uma novidade para ele, porque nunca esteve a disputar uma grande volta como líder. Vamos ver dia a dia onde pode chegar”, prosseguiu.

Quanto a uma eventual “gracinha” individual no contrarrelógio da 20.ª etapa, Oliveira fá-la depender do trabalho que tiver de realizar nos dias anteriores.

“Depende como esteja, do dia a seguir, de como o corpo vá recuperando. Por vezes, o contrarrelógio também serve para um ciclista descansar, porque temos etapas muito duras e, no outro dia, temos de lá estar a trabalhar novamente. No contrarrelógio há um desgaste muito grande. Se estiver bem fisicamente e não estiver muito cansado, provavelmente tentarei dar o meu máximo. Mas, se estiver um pouco cansado, é natural que levante o pé”, concluiu.

Nelson Oliveira é um dos cinco ciclistas portugueses que estará presenta na 101.ª Volta a França, que arranca no sábado, em Leeds, no Reino Unido, e termina a 27 de julho, em Paris.