Os portugueses Sérgio Paulinho (Tinkoff-Saxo) e André Cardoso (Cannondale-Garmin) juntaram-se esta quinta-feira aos críticos do percurso da primeira etapa da Volta a Espanha em bicicleta, que arranca sábado, aguardando-se para sexta-feira uma decisão dos comissários.

"Será que em Marbella não há estradas suficientes para fazer um contrarrelógio?", questionou Paulinho, na sua conta no Twitter, depois de ter feito o reconhecimento dos 7,4 quilómetros do traçado do 'crono' por equipas, entre Puerto Banús e Marbella, que apresenta muitos troços em terra batida e alguns passadiços de madeira.

Já André Cardoso publicou um vídeo no Facebook em que se observam corredores da Cannondale a pedalar sobre um piso coberto de terra. "O percurso do contrarrelógio por equipas será assim em 7 km. O que achas?", pergunta o ciclista do Porto na sua página oficial.

A perigosidade do percurso mereceu críticas por parte de vários corredores que reconheceram hoje o trajeto, nomeadamente o britânico Chris Froome (Sky), vencedor da Volta a França este ano e segundo na 'Vuelta' de 2014, que publicou três fotografias nas quais se destacam um troço em terra, um passadiço em madeira e uma parte ladeada de pedras.

“Contrarrelógio por equipas da Vuelta. Estão a brincar?”, ironizou o irlandês Nicolas Roche, companheiro de equipa do vencedor do Tour em 2013 e 2015, na mesma rede social, ilustrando a sua incredulidade com uma roda de bicicleta atolada na areia do percurso.

Rory Sutherland (Movistar) foi mais contundente: "A UCI [União Ciclista Internacional] pensa mesmo que isto é aceitável?", questionou o australiano no Twitter, ilustrando a publicação também com imagens de areia no percurso e a passeira vermelha dde acesso à meta instalada sobre o areal da Praia de Levante, em Marbella.

Perante as críticas, representantes da organização, dos corredores, das equipas e da UCI estiveram reunidos mais de três horas para estudar diversas propostas, sem que se tivesse chegado a acordo, esperando-se uma decisão do presidente do colégio de comissários, Bruno Valcic, na sexta-feira de manhã.

Equipas e corredores propuseram mudar o percurso, hipótese descartada pela direção da corrida, ou cumprir o contrarrelógio sem que os tempos contem para a classificação geral individual, sendo tomados apenas para a classificação de equipas, opção que o diretor da prova, Javier Guillen, disse ser a que tinha mais força.

A Volta a Espanha, que celebra simultaneamente a sua 70.ª edição e o seu 80.º aniversário, arranca no sábado, na Andaluzia, e termina no dia 13 de setembro, em Madrid.