O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) enalteceu hoje a importância que os êxitos recentes do ciclismo têm para o desporto nacional e destacou o trabalho feito na pista, vertente ‘responsável’ por cerca de 40 pódios internacionais.

Na presença de João Almeida, Ruben Guerreiro e Daniela Campos, José Manuel Constantino começou por reconhecer que “não é muito habitual” assistir-se a tantos feitos na modalidade num tão curto espaço de tempo.

“Em primeiro lugar, quero dirigir uma palavra aos atletas. Naturalmente que os vossos triunfos desportivos tem um sabor especial para cada um de vós, mas muitas vezes não se imagina a importância que o vosso êxito individual tem para o país em termos gerais e para o desporto em particular”, notou, antes de personificar os elogios.

Sobre Daniela Campos, a recém-coroada campeã da Europa júnior de eliminação em pista de 18 anos, o presidente do COP destacou a sua juventude e o percurso “muito relevante face à idade que tem”.

“O João é um exemplo – não sei se tiveste consciência que entusiasmaste o país de norte a sul. A tua prestação foi não apenas brilhante, mas exemplar, porque, mesmo quando perdeste a camisola rosa, não arranjaste nenhuma desculpa, [reconheceste que] os outros foram mais fortes, mas não desististe de lutar. Lutaste sempre. Mesmo naquela etapa mais complicada que tiveste na montanha [no Stelvio], quando os teus opositores foram embora e tu ficaste para trás, encontraste forças para procurar encurtar as distâncias”, recordou.

Considerando que a atitude demonstrada pelo quarto classificado na Volta a Itália, prova que liderou durante 15 dias, “é um grande exemplo, sobretudo para a geração mais jovem e para todos os desportistas”, José Manuel Constantino defendeu que, no desporto, “não basta ser talentoso, é também necessário ter um grande foco na capacidade de superação”.

“É isso que, depois, no fundo, distingue os campeões. E tu, de facto, deste um exemplo de grande capacidade de luta, de grande entusiasmo”, completou sobre o jovem ciclista da Deceuninck-QuickStep, que, aos 22 anos, é já o melhor português nas 103 edições do Giro.

O novo coronavírus acabou por marcar a receção aos ‘heróis’ do ciclismo na sede do COP, em Lisboa, já que, além da ausência de Iuri Leitão, o novo campeão europeu de scratch, e de Maria Martins, bronze na prova de eliminação, devido “a problemas de ordem sanitária, também o uso de máscara levou o presidente do COP a ‘confundir’ Ruben Guerreiro com Tiago Ferreira, que ganhou a medalha de prata no Mundial de maratona em BTT.

“Você enganou-me”, brincou, dirigindo-se ao presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Delmino Pereira, que terá passado a mensagem de que o ciclista da Education First tinha ficado retido em Pegões Velhos.

Desfeito o equívoco, Constantino destacou o facto de Guerreiro ter sido alguém que, apesar de ter como objetivo ser ‘rei da montanha’ na Volta a Itália, esteve sempre a torcer pelo seu compatriota, tendo mesmo ajudado João Almeida na luta pela ‘maglia rosa’.

“Isso é revelador de um grande companheirismo e de um grande sentido de missão relativamente à representação portuguesa. E tiveste um feito extraordinário. Tens seguramente uma carreira muito importante relativamente ao teu futuro”, pontuou.

Apesar da ausência da delegação do ciclismo de pista que conquistou várias medalhas para Portugal nos Europeus de Plovdiv, na Bulgária, o dirigente olímpico sublinhou o trabalho realizado naquela vertente nos últimos 11 anos, desde que o antigo presidente da FPC Artur Lopes, hoje sentado ao seu lado, convenceu o presidente da Câmara de Anadia a ‘entrar na aventura’ de construir o velódromo em Sangalhos, um projeto que teve também o apoio do Governo.

“Tenho a ideia de que os portugueses não têm a exata noção do que se passou na pista. Nós, há 11 anos, não tínhamos pista, pista. […] Esta situação deu a possibilidade de, ao fim de 11 anos, termos cerca de 40 pódios. Graças ao trabalho da FPC, ao trabalho de um homem extraordinário chamado Gabriel Mendes, que é uma pessoa que passa despercebida, mas é um técnico de elevadíssima qualidade e, naturalmente, graças também ao talento dos nossos atletas”, realçou.

José Manuel Constantino resumiu como “extraordinário” o facto de, “em 11 anos, partindo do zero”, Portugal ter conseguido resultados de relevo, como os deste Europeu, em que foi a quarta nação mais medalha, com seis ‘metais’, dois deles de ouro – Ivo Oliveira sagrou-se campeão europeu de perseguição.

“É extraordinário cativar atletas para a pista, porque eles gostam é de andar na estrada – digo eu -, treiná-los, ir às competições internacionais e ter os resultados extraordinários. Isto é um caso de estudo”, estimou.

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