O ciclista eslovaco Peter Sagan agradeceu hoje o trabalho da Bora-hansgrohe para devolver-lhe a camisola verde na Volta a França, lamentando que a estratégia da equipa não tenha tido um desfecho vencedor devido a um problema mecânico.

“Fizemos uma etapa semelhante em 2013 [na Cannondale]. Naquele ano, preparámos a corrida para ‘desfazer-me’ dos ‘sprinters’ e ganhei [na sétima etapa]. Desta vez foi semelhante, mas sem a vitória. Estou muito satisfeito com os meus colegas, porque fizeram um trabalho realmente extraordinário. No início, o diretor não estava muito de acordo, mas a corrida correu muito bem”, analisou o antigo tricampeão mundial.

O recordista de camisolas verdes (subiu ao pódio sete vezes em Paris) contou que teve azar no ‘sprint’ da sétima etapa, porque a corrente da sua bicicleta bloqueou.

“Foi um problema mecânico, mas a história não acaba aí. Estava atrás de [Wout] Van Aert [o vencedor], mas saí da posição e foram todos para a esquerda. Tentei não cair, mas choquei com alguém, não sei quem, e a minha corrente soltou-se. Tenho sorte por não ter caído, porque pedalei no vazio. Depois disso, foi impossível chegar à frente”, descreveu.

Ainda assim, Sagan recuperou a camisola verde, graças ao trabalho da Bora-hansgrohe, que, aproveitando o forte vento, distanciou o líder da classificação da regularidade à partida, o irlandês Sam Bennett (Deceuninck-QuickStep), percorridos que estavam 15 quilómetros dos 168 entre Millau e Lavaur.

“Estou dececionado, tenho a impressão de ter deixado a equipa ficar mal, depois de já me terem reintegrado uma vez no pelotão. As pernas estavam boas, tinha como objetivo a etapa, mais do que vigiar a Bora na luta pela camisola verde. Foi um erro. Foi uma boa tática da parte deles, eles sabiam que tinham de livrar-se de mim”, reconheceu Bennett.

A tática da Bora-hansgrohe acabou por beneficiar Wout van Aert, que ‘bisou’ em etapas e enalteceu o trabalho da formação alemã.

“A Bora fez com que todos os ‘sprinters’ ficassem para trás. Foi uma jornada muito tática, todos temiam os ‘abanicos’. No final, despendemos muita energia para estarmos bem colocados. Passei toda a etapa com o Primoz [Roglic]. Foi um bom dia para a equipa, candidatos à geral perderam tempo. Não esperava que houvesse tanta confusão no final e que terminássemos num grupo tão pequeno. Teria sido uma pena não tentar o ‘sprint’”, confessou o belga da Jumbo-Visma.

Numa sétima etapa marcada pelo vento que causou cortes no pelotão, deixando para trás a maioria dos ‘sprinters’, o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates), terceiro da geral à partida de Millau, ou o espanhol Mikel Landa (Bahrain-McLaren), outro dos candidatos ao pódio final, Van Aert voltou a ser o melhor, dois dias depois de ter conquistado a quinta etapa.

O norueguês Edvald Boasson Hagen (NTT) ficou na segunda posição e o francês Bryan Coquard (B&B Hotels-Vital Concept) na terceira.

O camisola amarela Adam Yates (Mitchelton-Scott) cumpriu os 168 quilómetros até Lavaur nas mesmas 3:32.03 horas do vencedor, mantendo a liderança da geral, na qual o francês Guillaume Martin (Cofidis) é agora terceiro, a nove segundos, atrás de Primoz Roglic (Jumbo-Visma), segundo, a três segundos.