O português Luís Mendonça (Aviludo-Louletano) tinha prometido que ia lutar pela liderança no quarto dia da Volta ao Alentejo em bicicleta e cumpriu com a subida à liderança após o contrarrelógio da quinta etapa.

Num dia com duas etapas, o ciclista de Paredes defendeu-se na ligação entre Monforte e Portalegre para depois dar tudo no contrarrelógio de 8,4 quilómetros em Castelo de Vide, corrida sob muito frio e uma chuva miudinha.

“Estou nas nuvens. Vim para este ‘crono’ e as sensações não eram nada boas. Vinha a arriscar tudo na descida, arrisquei a minha vida, porque isto é uma oportunidade de uma vida. Joguei tudo, se caísse não queria saber”, disse um eufórico Luís Mendonça.

Depois de esperar pela chegada do anterior líder, o irlandês Mark Downey (Team Wiggins), Luís Mendonça deu largas à sua alegria junto à meta, garantindo que “era um sonho” defender no domingo a liderança na última etapa, algo que acredita ser possível porque “há pouca gente para controlar”.

Com a possibilidade de ser o primeiro português a vencer a ‘Alentejana’ desde 2006, imitando Sérgio Ribeiro, Luís Mendonça, que há quatro anos trabalhava em discotecas, tem de defender oito segundos de avanço sobre o compatriota Ricardo Mestre (W52-FC Porto) e 13 sobre Downey.

O contrarrelógio foi uma espécie de mal menor para o espanhol Gustavo Veloso, que após uma Volta ao Alentejo com “falta de sorte”, pôde dar o primeiro triunfo W52-FC Porto, com uma marca de 13.29 minutos.

“Tive uma Volta ao Alentejo com falta de sorte, perdi um dia quatro minutos por causa de uma avaria e no final isso deixa um sabor um bocado triste. Hoje foi a recompensa para todos esses azares. Consegui vencer o ‘crono’ e isso é importante para mim e para a equipa”, disse o bicampeão da Volta a Portugal, que acredita que ainda é possível levar Ricardo Mestre à vitória final.

José Fernandes (W52-FC Porto), campeão português de contrarrelógio em sub-23, foi segundo classificado, a 08 segundos do companheiro de equipa, o mesmo tempo do espanhol Oscar Rodriguez (Euskadi-Murias), com Luís Mendonça a ser quinto, a 13.

Na parte da manhã, o português Edgar Pinto (Vito-Feirense-Blackjack) foi o mais rápido na chegada a Portalegre, 64,2 quilómetros após a saída de Monforte, dando uma prenda antecipada ao clube de Santa Maria da Feira, que cumpre 100 anos no domingo.

“Esperemos que seja a primeira vitória de algumas. Somos uma equipa humilde, mas tentamos trabalhar e dignificar ao máximo o nosso Feirense, que está de parabéns. É o centenário e vem mesmo a calhar esta vitória”, assumiu.

Para se tornar o primeiro português a vencer nesta edição da ‘Alentejana’, Edgar Pinto atacou a cerca de 300 metros do final da subida ao Cabeço do Mouro, segunda contagem de segunda categoria da etapa, colocada a menos de seis quilómetros da chegada.

Este ataque permitiu-lhe cortar a meta em Portalegre isolado, com um tempo de 1:44.09 horas, menos seis segundos do que o português Luís Mendonça (Aviludo-Louletano) e do que o irlandês Mark Downey (Team Wiggins).

A primeira tirada do dia não decidiu a corrida, mas afastou da luta pelo triunfo, entre outros, o espanhol Oscar Hernández (Aviludo-Louletano), o francês Justin Jules (WB Aqua Protect Veranclassic) ou o britânico Gabriel Cullaigh (Team Wiggins), primeiro líder da prova.

Antes, na primeira subida do dia, na Serra de São Mamede, o russo Alexander Evtushenko (Lokosphinx) assegurou a vitória no prémio de montanha, ao passar na frente pela quarta vez numa contagem de montanha.

A 36.ª edição da Volta ao Alentejo termina no domingo, com a ligação de Castelo de Vide à Praça do Giraldo, em Évora, num percurso de 151,3 quilómetros, com uma contagem de montanha de terceira categoria, a pouco menos de 50 quilómetros da meta.