O ciclista britânico Bradley Wiggins reconheceu esta quinta-feira, em entrevista ao The Independent, que tem “assuntos para tratar” na Volta a França, que venceu em 2012, mas prometeu ir trabalhar para o seu colega Chris Froome, o campeão em título.
“O Froome tem o manto [da liderança] agora, o que é bom, mas eu ainda tenho assuntos para tratar com o Tour”, começou por dizer ao diário britânico, esclarecendo que tem vontade de fazer algo mais na prova francesa, seja “uma excelente corrida” em prol de Chris Froome ou a vitória num contrarrelógio.
Wiggins, que falhou a edição de 2013 do Tour devido a uma lesão contraída na Volta a Itália, está ansioso por poder participar na corrida que vai arrancar de Leeds, a sua cidade.
“Com o início no Reino Unido, vai ser um momento de celebração para aquilo em que se tornou o ciclismo britânico e eu quero ser parte disso”, assegurou.
Depois de duas temporadas de uma coexistência difícil na Sky, que incluiu uma ameaça de desistência de Wiggins durante o Tour2012, depois de Froome ter atacado o colega de equipa em La Toussuire, e um atraso de um ano no pagamento do prémio relativo à vitória na prova francesa, os dois melhores ciclistas britânicos da atualidade parecem ter encontrado a paz.
“No caso do Tour, vejo-me no ‘comboio’ com o Richie [Porte] e com mais alguém, como um dos últimos tipos a resistir e a estar lá nos momentos decisivos. Houve alguns momentos no ano passado nos quais o Chris estava isolado e eu tive vontade de estar ao lado dele”, recordou.
Apesar de ser o vencedor de 2012, Wiggins reconheceu que terá de merecer a sua seleção para a Sky com exibições na estrada.
“Não podes subestimar quão bom tens de ser para fazer este trabalho bem, não é algo que tome como garantido. Para fazer-me justiça e ao Chris, como ex-vencedor da corrida, não posso apenas pertencer ao grupo e fazer um ou dois puxões aqui e ali”, acrescentou.
Wiggins confessou também que está satisfeito por não ter que carregar o peso de ser campeão da “Grande Boucle”, algo que lhe criou dificuldades.
“Não lidei muito bem com o facto de ser vencedor do Tour. Toda aquela história do [Lance] Armstrong estava a começar e eu não queria estar naquela posição. Agora é diferente. É realmente libertador não estar na posição de ter de ser constantemente questionado sobre se posso ganhar o Tour”, assumiu.
Com o seu triunfo a ser questionado durante e depois da consagração em Paris, o campeão olímpico de contrarrelógio em Londres2012 garantiu compreender aquilo pelo que passou Froome, cuja vitória esteve envolta num clima de suspeição.
“Ele teve de suportar tanta porcaria. As exibições dele foram tão dominantes, mas também tão genuínas. Eu sei que toda a gente diz que foram enganadas pelo Lance, mas na altura os testes não eram tão escrupulosos. É preciso ser-se doido para fazê-lo [dopar-se] nesta altura, até um bocado psicopata”, defendeu.