O Oporto Golf Club completa este sábado 125 anos e a sua direção, segundo o vice-presidente, tem como principal objetivo manter-se "fiel à tradição" e dar "prioridade" aos seus "cerca de 600 associados e 370 praticantes".

Ouvido pela agência Lusa, Alfredo Almeida acrescentou tratar-se de "de um clube onde se sente e vive o golfe".

"Temos muito orgulho nisso. Não é um campo comercial", completou.

O dirigente realçou que o Oporto Golf Club é o "terceiro mais antigo da Europa continental" ligado a este desporto e o "primeiro criado na Península Ibérica", acolhendo um dos torneios jogados sem interrupções há mais tempo no mundo.

Fundado em 1890 por ingleses radicados no Porto, "todos ligados ao comércio do vinho do Porto", o Oporto Golf Club situa-se em Paramos, uma localidade a sul de Espinho.

O campo, apto a receber provas oficiais, desenvolve-se junto à linha costeira e destaca-se dos demais por ser um espaço "natural", sem qualquer intervenção humana. Foi o primeiro percurso de 18 buracos existente em Portugal.

"É considerado um falso [campo] fácil", resumiu Alfredo Almeida, observando que é ao fim-de-semana que a estrutura tem mais procura.

No século XIX, o clube era só para homens e muito fechado. Só em 1932 é que as mulheres passaram a poder ser também sócias do Oporto.

O primeiro português admitido como sócio foi o "famoso [Fernando] Nicolau de Almeida, cerca de 50 anos depois" da fundação do clube, referiu Alfredo Almeida. Todavia, manteve-se a proibição de os não britânicos participarem em assembleias gerais.

Conhecido por ser o pai do vinho Barca Velha, do Douro, Fernando Nicolau de Almeida, seria mais tarde eleito presidente e os seus descendentes são agora associados.

Hoje, não há ali quaisquer barreiras. "Temos sócios de todas as classes sociais", disse Alfredo Almeida.

O vice-presidente negou que o golfe seja um desporto elitista e caro. "Foi. Hoje, é acessível a muita gente", considerou, informando que os sócios pagam cerca de 1.000 euros por ano.

A tradição ainda é o que era no Oporto, referiu ainda. As instalações são de "estilo inglês" e o clube "é, por exemplo, dos poucos que em Portugal têm ‘caddies’ [pessoa que carrega os tacos do golfista]".

No Oporto Golf Club, alguns ‘caddies’ são "pescadores daquela zona" e, segundo afirma Alfredo Almeida, alguns "jogam muito bem golfe".

O dirigente afirmou à Lusa que o futuro passa por "manter a qualidade do campo", assegurada por "entre oito a dez jardineiros", e as tradições, "dando prioridade aos sócios", que são hoje um pouco menos do que eram antes da crise que se abateu sobre o país.

Os 125 anos do Oporto Golf Club serão comemorados este sábado com um torneio e depois com um jantar no Casino de Espinho.