O Comité Olímpico dos Estados Unidos pediu a todos os diretores da Federação de Ginástica que se demitam, após a condenação do médico da equipa nacional de ginástica, Larry Nassar, por abusos sexuais.
O diretor executivo do comité (USOC, na sigla em inglês), Scott Blackmun, afirma, numa carta aberta que enviou a toda a equipa de ginástica, que é preciso começar do zero, enquanto é aberto um processo de investigação exaustiva para perceber como foi poss+ivel que durante duas décadas Nassar pudesse cometer os crimes com total impunidade.
O mesmo movimento começou a registar-se na Universidade Estadual do Michigan, cuja presidente, Lou Anna Simon, se demitiu, e também em ginásios onde Nassar trabalhou como médico, praticando sempre crimes de abuso sexual de menores.
O comité olímpico deverá enfrentar outro problema, com as dezenas de vítimas que testemunharam contra Nassar a apresentarem processos civis contra este organismo.
Três membros da direção da Federação de Ginástica já tinham renunciado recentemente, mas Blackmun pediu “uma renovação total da liderança que teve relação com tudo o que ocorreu no escândalo de abusos sexuais sistemáticos das atletas”.
Nassar foi condenado esta quarta-feira, no Michigan, a uma pena entre 40 e 175 anos, que foi definida pela juíza Rosemarie Aquilina como “pena de morte”, porque nunca mais poderá sair da prisão, e que acresce a uma outra condenação a 60 anos por pornografia infantil.
O antigo médico deu-se como culpado de todas as acusações, mas defendeu que os métodos que utilizou eram de “um bom profissional”.
Mais de 150 pessoas leram declarações durante a sentença, na semana passada, numa audiência em que estavam previstos inicialmente 55 testemunhos.
“O objetivo desta mensagem é dizer a todas as vítimas e sobreviventes de Nassar como lamentamos profundamente”, escreveu Blackmun, insistindo: “Estamos consternados por toda a dor que este homem horrível causou e lamento que não se lhes tenha concedido uma oportunidade segura para perseguirem os seus sonhos como desportistas”.
“A família olímpica também está entre aqueles que vos falharam”, admitiu o responsável.
Para muitos, no entanto, a posição da USOC chega demasiado tarde e as consequências legais que possa ter o caso no futuro estão ainda por determinar.
Face à gravidade do ocorrido, Blackmun revelou que o comité olímpico estabeleceu novas regras para o controlo e proteção de todos os atletas, como criar melhores relatórios de abuso e educação para os atletas, alterar a estrutura da Federação de Ginástica, levar a cabo uma investigação independente e permitir às vítimas acesso a “provas, tratamento e apoio”, algo que muitas jovens disseram nunca ter tido quando contactaram a federação.
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