O presidente do Comité Paralímpico de Portugal considerou hoje que “ainda existem muitas barreiras e preconceitos” nos clubes desportivos para a inclusão de pessoas com deficiência, embora o paradigma seja diferente de há 11 anos.

“Penso que começa a haver uma abertura de muitos clubes, mas ainda há muitas barreiras para vencer, ainda há muito preconceito, mas estamos num patamar completamente diferente daquilo que era há 11 anos quando o Comité Paralímpico começou a sua atividade”, disse à agência Lusa o presidente do organismo, José Manuel Lourenço.

Segundo o dirigente, que falava à margem da cerimónia de abertura do Dia Paralímpico, integrado nas comemorações do 11.º aniversário do Comité Paralímpico de Portugal, que decorre em Portimão, no Algarve, “apesar das barreiras e preconceitos, o paradigma hoje está diferente, existindo uma maior sensibilidade da sociedade em geral”.

Na opinião de José Manuel Lourenço, os clubes e a população em geral “olham já para a pessoa com deficiência, não como uma pessoa doente, mas apenas para uma pessoa com uma deficiência”.

“É preciso lembrar que as pessoas com deficiência não são doentes, mas sim pessoas que têm as competências para praticar desporto de uma forma adaptada aquilo que são as suas circunstâncias”, sublinhou.

O presidente do Comité Paralímpico de Portugal considerou que para a inclusão das pessoas com deficiência, muito contribuíram as associações e federações desportivas, “ao concordarem, em bom tempo, que o melhor sítio para dar sentido à palavra inclusão era ter as pessoas nas respetivas federações da modalidade”.

“Muito foi feito, é um caminho que estamos a percorrer, mas não podemos dizer que todos os dias está sol, porque não é verdade”, destacou.

Durante a sua intervenção na cerimónia de abertura do Dia Paralímpico, em Portimão, o dirigente referiu que o Comité Paralímpico de Portugal decidiu assinalar, pela primeira vez, o um aniversário fora de Lisboa, mantendo a coerência com aquilo que defende, que é a descentralização.

“Achamos que temos de ser coerentes com aquilo que defendemos que é a descentralização na demonstração das modalidades”, referiu.

José Manuel Lourenço disse ainda que o processo da participação portuguesa nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 “está a meio do percurso e ainda tem um longo caminho a percorrer, nomeadamente aos atletas que precisam de uma preparação que lhes permita conquistar um lugar na competição”.

“Em termos concretos, temos apenas cinco atletas qualificados, e todo o processo está em marcha quanto a outras modalidades, como o atletismo, que vai ser em novembro. Há modalidades onde cada competição acrescenta ou não na questão do ranking, e que é determinante para a qualificação dos atletas”, concluiu.

Na abertura do Dia Paralímpico na cidade algarvia participaram também, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, os atletas Norberto Mourão (paracanoagem) e Susana Veiga (natação), ambos vice-campeões do Mundo, Joana Santos (judo), Jorge Pina (atletismo) e Jorge Costa (paraciclismo).

O Dia Paralímpico é assinalado no âmbito de Portimão Cidade Europeia do Desporto e da Semana Europeia do Desporto, com a apresentação e experimentação de oito modalidades desportivas: andebol e basquetebol em cadeira de rodas, boccia, paracanoagem, paraciclismo, judo, ténis de mesa e vela adaptada.

Para assinalar a passagem do 11.º aniversário, o Comité Paralímpico de Portugal vai atribuir medalhas de mérito aos atletas medalhados em campeonatos da Europa e do Mundo em 2018/2019, bem como atribuir a diversas entidades o Prémio Inclusão Pelo Desporto, pelos serviços prestados em prol do desenvolvimento do desporto para pessoas com deficiência.