As competições de matraquilhos foram suspensas devido à pandemia de COVID-19 e a “proximidade obrigatória” dos quatro jogadores em equipas de dois, num espaço fechado, complica o seu reinício, admitiu à Lusa o vice-presidente federativo.
“Estamos a pensar em soluções, como os cuidados de higiene que serão necessários, mas com muitas pessoas no mesmo local não será fácil de resolver”, admitiu o vice-presidente da Federação Portuguesa de Matraquilhos e Futebol de Mesa (FPMFM), Ricardo Vieira.
Com a suspensão total das competições, alguns jogadores têm utilizado as redes sociais para divulgarem treinos e “habilidades técnicas”.
“A nossa temporada decorre no ano civil e quando surgiu a pandemia estava a decorrer a fase distrital. Nesta altura, está tudo suspenso e ainda não sabemos se será possível retomar o campeonato ou não”, explicou o vice-presidente da FPMFM, Ricardo Vieira.
Após a fase distrital, a prova tinha prevista uma fase nacional para outubro, que se deveria realizar na Covilhã, no distrito de Castelo Branco.
Sem a realização de jogos, alguns atletas portugueses têm aproveitado para “demonstrar as suas habilidades técnicas” na mesa de matraquilhos através da Internet.
“Muitos continuam a treinar e publicam vídeos nas redes sociais, como forma de divulgar a modalidade e mostrar que estão no ativo”, sublinhou Ricardo Vieira.
Apesar de haver poucos profissionais no mundo, o dirigente contou que há alguns portugueses que são presença constante em provas internacionais e que têm obtido mesmo resultados de destaque.
“É uma atividade que obriga um treino árduo, pelo menos de três ou quatro vezes por semana para manter a forma. Em Portugal, a mesa tradicional é com bonecos de chumbo, enquanto nas provas internacionais a mesa tem bonecos de plástico, o que obriga ainda a uma readaptação e torna os bons resultados assinaláveis”, apontou.
Apesar das dúvidas quanto à retoma das competições, Ricardo Vieira frisou que se for possível retomar o campeonato, serão as associações distritais a definir a melhor forma de concluir as provas.
“Temos pensada a solução de qualificar para a fase final apenas o campeão e vice-campeão de cada distrito, para reduzir participantes e até realizar tudo num só dia”, revelou.
O facto de não ser uma modalidade profissional e de não haver certezas de poder realizar testes de despiste à COVID-19 a todos os participantes levantam incertezas neste momento, disse ainda.
A FPMFM tinha ainda previsto para 2020 dois torneios ‘pro-tour’ homologados a nível internacional e pontuáveis para o ranking nacional e internacional.
O primeiro, em abril, foi já cancelado e o que está previsto para setembro está neste momento “apenas suspenso”.
A federação portuguesa, que pertence à Federação Internacional de Futebol de Mesa (ITSF), tem neste momento um processo federativo a decorrer, para reconhecer a modalidade como um desporto em Portugal.
“Pertencemos a uma federação internacional e participamos em campeonatos do mundo, nos quais até já conseguimos medalhas, o que são ‘pontos’ a nosso favor”, explicou o dirigente, adiantando que em países como a Bélgica ou Luxemburgo a modalidade já foi reconhecida como desporto.
Ricardo Vieira realçou ainda que “há milhares de praticantes em Portugal” que embora não sejam federados, gostam da modalidade e podem passar a ser.
“Com mais apoios, ou mais força, sabemos que conseguimos mais atletas. Esta é uma modalidade que abrange todas as idades, desde veteranos, seniores ou camadas jovens, ou géneros e é acessível até a pessoas com mobilidade reduzida”, vincou.
A FPMFM tem ainda um projeto escolar, que está numa fase inicial, em que caso a modalidade seja reconhecida como um desporto poderá chegar a um universo maior.
“Se tivermos hipótese de equipar as escolas poderá ser viável, com os matraquilhos a serem uma atividade extracurricular, até porque já há uma boa aceitação a nível dos mais novos”, lembrou.
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