O presidente da Federação Portuguesa de Badminton (FPB) explicou hoje à Lusa que a recusa da inscrição nos Campeonatos Internacionais de Portugal de Telma Santos, atleta olímpica nos Jogos Londres2012 e Rio2016, se deve aos regulamentos.
“A atleta sabe das razões pela qual não pode ser inscrita. Não tem ‘ranking’, não quis participar em provas nacionais. Uma das regras é estar no ‘ranking’ numa posição que permita aceder a essa competição. Como não participou [em provas nacionais], não pôde inscrever-se, com pena nossa”, disse Horácio Gouveia.
Segundo o dirigente, “os regulamentos da FPB determinam quem pode participar”, sendo que o Internacional de Portugal, agendado para março no Centro de Alto Rendimento (CAR) das Caldas da Rainha, estipula a participação das 16 atletas com melhor ‘ranking’ nacional.
Horácio Gouveia falou à Lusa sobre as palavras de Telma Santos, única atleta portuguesa a vencer um jogo de badminton em Jogos Olímpicos, que se queixou no domingo de tratamento “injusto” por parte da federação, que acusa de a impedir de treinar no CAR e de a afastar dos Internacionais.
A FPB não quer “abrir exceções e atribuir ‘wildcards’” para a edição de 2018 dos Internacionais, depois de em anos anteriores o ter feito “a certos jogadores, sem haver objetividade que justificasse esse tipo de ações, e agora decidiu que o regulamento é para ser cumprido”.
“Os atletas sabem disso e às vezes ignoram as coisas não sei bem porquê”, comentou Gouveia, que lembrou ainda que Telma Santos "jogou os Internacionais do ano passado", no qual perdeu na primeira ronda, com a estónia Kristin Kuuba. A jogadora venceu o torneio em 2010.
Telma Santos, atleta do clube espanhol IES La Orden, inscreveu-se como individual em Portugal, algo permitido pelos regulamentos para a presente temporada, mas o ‘ranking’ nacional, cujos pontos transitam de um ano para o outro, foi usado para decidir a inscrição nos Internacionais.
A sua inscrição foi negada, uma vez que participou apenas num torneio zonal e um outro nacional, uma vez que participa "na liga espanhola", pelo que não tem ‘ranking’ nacional suficiente, pese embora ser a sexta atleta lusa mais bem colocada na hierarquia mundial, na 815.ª posição.
No domingo, Telma Santos, de 34 anos, explicou à Lusa que, depois de regressar à atividade após os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, foi impedida de treinar no CAR “porque ainda não tinham sido prestadas as contas” relativas ao ciclo de preparação olímpica e aos treinos.
“Esse assunto é tratado com o meu treinador [Luís Carvalho], e nunca poderia ser o motivo para não treinar, não me foi instaurado nenhum processo disciplinar, como atleta de alta competição e olímpica tinha direito a treinar”, considerou.
Sobre a situação, Horácio Gouveia explicou que essa é “uma questão do foro interno da federação, que está a ser devidamente tratada, como a atleta tem conhecimento”, não querendo falar de assuntos internos “em praça pública”, lembrando ainda que Telma Santos “não está inscrita em nenhum clube português”.
Quanto à publicação no Facebook da jogadora, na qual manifestou “uma grande angústia e uma grande revolta” por estar de fora dos Internacionais e impedida de treinar no CAR, num “impasse” que acaba por lhe “cortar as asas”, o dirigente lembrou a “liberdade de expressão”, mas salientou que se “o bom nome da federação ou dos seus dirigentes foi posto em causa, será tratado no local certo”.
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