O antigo médico da seleção de ginástica dos Estados Unidos Larry Nassar viu aumentado para 265 o número de mulheres a acusá-lo de abusos sexuais, segundo a juíza Janice Cunningham.
No início de nova audiência ao ex-médico, caído em desgraça e condenado a 24 de janeiro a uma pena de prisão entre 40 e 175 anos, por abuso de atletas que estavam ao seu cuidado, Janice Cunningham revelou o número mais recente, quando o mesmo estava fixando anteriormente abaixo das 200.
Após a primeira sentença, em Lansing, Michigan, para a qual foi determinante o testemunho de cerca de mais de 150 vítimas, mais mulheres e jovens alvos de agressão sexual de Nassar estão a apresentar os seus casos à justiça.
Outras 60 vítimas engrossaram o lote de queixosas e começaram hoje a confrontá-lo em tribunal.
Uma delas, Jessica Thomashow, disse que o médico se aproveitou da sua “inocência e confiança” para a molestar quanto tinha nove anos, fazendo-o novamente quanto tinha 12.
Outra mulher, Annie Labrie, defendeu que na ginástica existe uma "cultura específica" que permite que tais abusos ocorram, acrescentando que as meninas aprendem cedo que a autoridade não deve ser questionada.
No primeiro julgamento, a juíza Rosemaria Aquilina classificou as ações de Nassar como “precisas, calculadas, manipuladoras, desviantes e desprezíveis”, antes de declarar ter assinado “a sentença de morte” do antigo médico, que servirá um mínimo de 25 a 40 anos de prisão antes de ser elegível para sair em liberdade condicional.
“É minha honra e privilégio sentenciá-lo. Não merece caminhar fora de uma prisão. Não fez nada para controlar os seus desejos e, onde quer que vá, destruição vai acontecer aos mais vulneráveis”, acrescentou a juíza, que classificou as atividades no seio da ginástica como “o sítio perfeito” para os abusos, que Nassar classificava perante as atletas como ‘tratamentos’.
Há duas semanas, um total de 156 ginastas foram ouvidas em tribunal, acusando Nassar, de 54 anos, de as ter molestado, por vezes na presença dos pais, ao esconder os abusos sob a falsa pretensão de estar a aplicar tratamentos a lesões sofridas pelas atletas.
Vários nomes de topo dos Estados Unidos, entre as quais a quádrupla campeã olímpica de ginástica Simone Biles, vieram a público denunciar terem sido vítimas de abusos sexuais por parte de Larry Nassar.
Nassar, de 54 anos, que, em dezembro de 2017, foi condenado a 60 anos de prisão por posse de pornografia infantil, declarou-se culpado das agressões sexuais de que é acusado.
Durante a sessão em que foi proferida a sentença, Nassar confessou ter ficado “abalado” com os relatos das vítimas, e disse que “não há palavras” para descrever o quão arrependido está pelos crimes cometidos.
“Vou levar as vossas palavras comigo para o resto dos meus dias”, acrescentou.
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