O canoísta Fernando Pimenta teve uma preparação algo atribulada para os Mundiais da Alemanha, que principiam na quarta-feira, pelo que conquistar uma medalha em Duisburgo será mais prémio do que o objetivo principal, garantir Paris2024.

“Ainda não estou na melhor forma por causa de duas situações, seguidas, que me deitaram bastante abaixo. Só quem me tem acompanhado sabe o que me custou voltar aos treinos e ritmo, aos trabalhos e resistência, muito importantes na minha categoria”, desabafou, à Lusa, o atleta de bronze em Tóquio2020 em K1 1.000 metros.

Após a Taça do Mundo, Pimenta apanhou uma virose e após os Jogos Europeus Cracóvia2023 teve covid-19: “Foram dois momentos seguidos que me deitaram abaixo. Muito trabalho para tentar melhorar”.

Face a estas condicionantes, o experiente canoísta reforça o objetivo de sempre, um caminho progressivo no Mundial que o leve à final e aí procurar o desejado lugar, no caso do K1 1.000 ficar entre os seis primeiros.

“O importante é garantir a qualificação, porque se não o conseguir depois será muito difícil ter foco único para os Jogos Olímpicos, pois teria de passar por mais uma fase", referindo-se à repescagem europeia, em Szeged, Hungria, na primavera de 2024.

Ainda assim, não enjeita a possibilidade de vir a colecionar a 20.ª medalha em campeonatos do Mundo – não apenas no ‘seu’ K1 1.000, pois tem várias em 5.000 e até em maratonas -, admitindo que seria o modo ideal de começar a encarar os Jogos.

“O pódio seria fantástico. Em termos motivacionais, é sempre bastante positivo, mas sabemos que todos os adversários querem o mesmo. Vamos passo a passo, prova a prova procurar boas sensações no campeonato”, serenou, recordando que “todos os atletas chegam aos Mundiais na sua melhor forma” e desejosos de serem bem-sucedidos.

Apesar disso, o limiano assume que alcançar uma medalha seria “ótimo para manter a estatística dos últimos anos”, bem como para “ganhar cada vez mais confiança” para Paris2023.

Na conferência de imprensa após a cerimónia do pódio em Tóquio, o melhor canoísta português de todos os tempos revelou a vontade de conquistar os três metais olímpicos – tem igualmente a prata em Londres2012, em K2 1.000 com Emanuel Silva –, contudo, o desportista que em 13 de agosto completou 34 anos avisa que não vive obcecado com a ideia.

“É um objetivo. Não é uma coisa que teime em sonhar, constantemente a pensar nisso. Prefiro focar-me no trabalho diário e depois o resultado há-de aparecer, mais cedo ou mais tarde”, desvalorizou.

Além do olímpico K1 1.000 metros, Fernando Pimenta vai fazer K1 5.000 e K2 500 misto, com a também olímpica Teresa Portela, ambos fora do programa competitivo dos Jogos.

Fernando Pimenta integra a seleção de 16 canoístas – três deles, da variante adaptada – nos mundiais de Duisburgo, entre quarta-feira e domingo, o principal evento de atribuição de vagas para os Jogos Olímpicos.