A comitiva portuguesa do Special Olympics parte hoje para os Emirados Árabes Unidos com 31 atletas, para disputarem os Jogos Mundiais, em Abu Dhabi, em nove modalidades, entre 14 e 21 de março.
Os representantes portugueses na competição para pessoas com deficiência intelectual participam nas provas de atletismo, futebol, equitação, ginástica artística, ginástica rítmica, golfe, judo, natação e ténis de mesa.
Regina Costa, vice-presidente do Special Olympics Portugal, disse que embora o grupo integre atletas com capacidade para obterem bons resultados, lembra que todos competem entre iguais, com pessoas no mesmo nível de desempenho, e sublinhou que não partem a pensar nas medalhas.
O mais importante, realçou a dirigente, é a possibilidade de atletas com atividade desportiva regular poderem participar num grande evento desportivo e, através dessa experiência, desenvolverem várias competências, nomeadamente "ao nível da socialização, do reforço da autoestima, da confiança em si".
"Nós não pensamos em medalhas. Para eles, a medalha é simbólica. Os três primeiros recebem a medalha de ouro, de prata e de bronze, mas o pódio tem oito lugares e todos os finalistas recebem um galardão", explicou Regina Costa, em declarações à agência Lusa.
A vice-presidente do movimento que em Portugal existe desde 2001, e que já participou em quatro Jogos Mundiais, sublinhou que a diferença para o movimento paralímpico é que os atletas competem com atletas com marcas semelhantes e os tempos de cada um não podem ter diferenças superiores a 10 %. Se alguém terminar a prova com um registo muito acima dos demais é desclassificado, porque devia estar incluído em outro nível.
"Não podemos levar todos do mesmo nível, sejam bons ou menos bons", elucidou Regina Costa,
Portugal tem uma quota de atletas com base no número de praticantes inscritos e a seleção é feita em função da capacidade de cada um, da sua assiduidade, da atividade regular em cada uma das modalidades. No caso das viagens de longo curso, é também necessário ter em consideração fatores comportamentais e antecipar eventuais problemas de adaptação.
Em janeiro e fevereiro foram feitos dois estágios de preparação, no Estádio Nacional, em Oeiras, com o acompanhamento dos dez técnicos que vão integrar a comitiva, composta por um total de 48 pessoas.
Regina Costa acentuou o objetivo de proporcionar a pessoas com deficiência intelectual "um acesso igualitário ao desporto, ajustando os seus níveis de desempenho técnico" e pôs a tónica na oportunidade dada para que os atletas "beneficiem na sua vida de aspetos desenvolvidos por esta experiência marcante".
"Pretendemos que seja um fator de motivação, uma forma de conhecerem as suas potencialidades e levarem-nas ao máximo, de ver que são capazes de fazer. Daqui resultam para a sua vida ativa aspetos sociais que não podemos descurar", enfatizou a vice-presidente da estrutura, que é presidida por Dias Ferreira.
Segundo Regina Costa, há atletas, com diferentes níveis de compreensão, que quando regressam de provas internacionais deixaram de ser tão introvertidos, ou voltam "com maior autonomia e maior abertura".
A comitiva parte hoje, do Aeroporto de Lisboa, às 20:45, para Ajman, cidade de acolhimento entre os dias sábado e terça-feira, "para se ambientarem à cultura local", no âmbito de um programa paralelo ao desportivo.
O movimento Special Olympics existe desde 1968 e Portugal participou nos Jogos Mundiais Dublin2003, Shangai 2007, Atenas2011 e Los Angeles2015.
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