Tiago Monteiro deu hoje início à 12.ª temporada na Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR) com o objetivo de "lutar pelo título", depois de um ano e meio de paragem devido a um violento acidente.

O piloto portuense, que em 2019 defende as cores da KCMG com um Honda Civic Type R, terminou o primeiro de dois dias de testes oficiais com o 24.º tempo entre os 25 pilotos em pista, mas pôde "encerrar um círculo".

O dia 07 de setembro de 2017 já "faz parte do passado", mas hoje foi um dia especial, pois foi a primeira vez que voltou a rodar no circuito de Barcelona, após o despiste a 240 km/h sofrido na primeira curva do traçado catalão.

“Foi pior na primeira volta. Ainda olhei para lá e reparei que bateu lá alguém há pouco tempo porque está lá uma grande marca no mesmo sítio”, contou à agência Lusa Tiago Monteiro, acrescentando: “Pensei nisso, vi, olhei, mas teve zero influência [no resultado]”.

De acordo com Tiago Monteiro, que em 2018 tinha estado no traçado catalão, mas só de visita, trata-se de “fechar um círculo”, já que foi em Barcelona que teve o acidente que o fez parar este tempo todo”.

“Da primeira vez que voltei aqui ao circuito, sim, fui lá ver a curva e insultei-a. Mas já tive muitos acidentes na minha carreira e faz parte do desporto. Depois, estás a guiar e não pensas mais nisso", garantiu.

Tiago Monteiro, que soma já 11 vitórias nos turismos (primeiro no Mundial, denominado WTCC, e agora na Taça do Mundo, WTCR desde 2018), parte com "a motivação em alta" para a nova temporada, que tem a primeira prova no dia 07 de abril, em Marraquexe, Marrocos.

"O objetivo é lutar pelo campeonato, que vai ser muito competitivo. Vou tentar estar sempre na luta pelo máximo de pontos possível em todas as provas, manter a regularidade. A motivação é alta", assegurou à Lusa.

No entanto, e apesar de admitir ver-se "a ganhar o campeonato", desconhece "a probabilidade de isso acontecer", mesmo avançado que se sente bem e também sentiu “bem o carro no inverno".

“Há uma evolução bastante clara em relação ao ano passado. Não tive muita experiência com ele, mas deu para perceber as lacunas que tinha e onde tínhamos de trabalhar durante o inverno. Em 2018, o carro veio com muito pouco desenvolvimento, em parte devido ao meu acidente. Agora, tivemos a oportunidade de fazer muitos dias de testes e, por isso, evoluiu-se muita coisa. O carro é melhor do que no ano passado, disso não tenho dúvidas", frisou.

Tiago Monteiro aponta, sobretudo, "duas diferenças, primeiro o motor, que estava muito abaixo da concorrência no ano passado, não tanto pelo motor em si, mas pelo BOP (Balance of Performance - sistema de penalização de forma a equilibrar forças entre as equipas)” que era possível a equipa utilizar e penalizava em 2,5% a potência disponível.

“Este ano, deixaram-nos passar para os 100%. Por outro lado, penalizaram-nos em 20 quilos no lastro. A nível de motor, perceberam as nossas queixas. Esperemos que, com esta evolução, melhore. Mas, por causa dessa falta de potência, havia um exagero natural dos pilotos na entrada em curva. que provocava uma subviragem enorme à saída das curvas. Este inverno tentámos dar mais estabilidade à traseira de forma a tornar o carro mais equilibrado", explicou.

Por isso, garante que o trabalho de casa "está feito" e que os dois dias de testes "servem apenas para rodar travões e fazer pequenas afinações", pois "ninguém quer mostrar o jogo" tão perto do início do campeonato.

Hoje, Tiago Monteiro rodou apenas na sessão da manhã, terminando com o tempo de 1.58,066 minutos, a 3,535 segundos do argentino Esteban Guerrieri que, com um Honda, foi o mais rápido do dia, registando 1.54,531.