O treinador do Benfica, Eugénio Rodrigues, considerou que Portugal vai ter de capitalizar a presença no Europeu feminino de basquetebol, mas que a primeira presença não será suficiente para fazer crescer a modalidade.

Portugal vai estrear-se num Eurobasket feminino em junho, disputando, em Brno, na República Checa, o Grupo C, juntamente com a equipa anfitriã, a campeã Bélgica e Montenegro.

Campeão este ano pelo Benfica, Eugénio Rodrigues acredita que “participar, só estar lá, competir num Europeu não chega”, lembrando o trabalho publicitário feito pela seleção de râguebi após a inédita qualificação para o Mundial.

“No nosso caso não chega a estar lá, não chega a competir, independentemente dos resultados que venhamos a ter. É preciso de facto capitalizar agora, do ponto de vista do mediatismo, essa nossa participação”, afirmou, em declarações à agência Lusa.

O treinador das ‘encarnadas’ lembrou o efeito que teve Ticha Penicheiro, quando se tornou a primeira portuguesa a jogar na WNBA, mas que, para voltar a haver esse “arrasto”, acredita que “esta participação permite, por si só, de facto alavancar um pouco, mas não chega, é preciso esse mediatismo”.

“É preciso de facto dar o retorno extracompetitivo para que isto possa ser completamente, totalmente capitalizado. Vai ser difícil, muito duro, não tenho dúvidas que o selecionador Ricardo [Vasconcelos] e o resto da equipa têm ali um trabalho hercúleo pela frente, mas se porventura conseguimos alguns resultados de feito, então será ainda mais fácil”, assumiu.

Ainda sobre o crescimento da modalidade, Eugénio Rodrigues lembra que Portugal tem “um campeonato periférico”, o que é “muito condicionante para a retenção do valor das atletas mais valiosas e é igualmente condicionante para atrair outros tipos de jogadoras”.

O treinador lembra que na Europa há outros campeonatos muito competitivos, como a própria segunda divisão de Espanha, que leva alguns dos principais talentos a saírem do país, considerando que “para uma atleta de determinado nível, de determinado currículo europeu, vir para Portugal não é visto como uma projeção, não é visto como uma subida na carreira”.

“Não vejo que isso possa ser alterado no futuro próximo, acho que não temos outra solução se não continuar a trabalhar na formação, para continuar a ter jogadoras jovens, independentemente de elas saírem para outros campeonatos, ou até para os Estados Unidos, de onde nem todas regressam para o nosso campeonato, e continuar a melhorar os índices de qualidade da nossa liga, competitiva ela já é”, referiu.

Este facto complica também a participação das equipas portuguesas nas competições europeias, pois sem “reter talentos e atrair jogadoras é muito difícil ter equipas competitivas em Portugal que possam estar num bom plano europeu”.

O treinador realçou ainda o facto de só haver duas competições europeias femininas, a Euroliga e a Eurocup, ao contrário das quatro masculinas, o que impede que as equipas portuguesas pudessem estar “num plano competitivo mais próximo”, além de terem de jogar várias vezes duas vezes por semana, o que é complicado com um plantel preparado para as competições nacionais.

Apesar de apontar para “um caminho a médio e longo prazo”, Eugénio Rodrigues quer “estar uns furos acima” e tentar repetir a época de estreia em que o Benfica venceu o seu grupo e chegou à fase a eliminar.