O presidente da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) assumiu hoje dificuldades para custear a preparação para o Mundial de França2023, para a qual “são precisos mais 300 mil euros” do que as verbas já angariadas.
“Vamos gastar pelo menos 700 mil euros na preparação. A World Rugby (WR) já contribuiu com 400 mil, mas não chega. São precisos mais 300 mil”, contabilizou Carlos Amado da Silva, em Oeiras, à margem da tomada de posse dos órgãos sociais da FPR para o quadriénio 2023/27.
As verbas em questão, explicou o dirigente, servem para pagar “três estágios” a realizar pelos ‘lobos’ nos meses de julho e agosto, antes de viajarem para França, assim como para “compensar os jogadores pelos salários que perdem por ir ao Mundial”.
“O tempo que os jogadores estão fora tem de ser pago pela FPR, conforme determinam as disposições legais. Mas quem paga à FPR? Não podemos ser penalizados por ter sucesso desportivo. Não faz sentido”, desabafou o presidente reeleito há uma semana para um novo mandato.
Segundo Amado da Silva, apesar de existir “a ideia de que agora chove dinheiro por causa do Mundial”, os valores conseguidos após o apuramento “não chegam para os custos”, mas a preparação, ainda assim, “não está em risco”.
“E nem estou a contabilizar prémios para os jogadores, que também é justo que os tenham. Mas uma coisa eu exijo: eles têm de ser ressarcidos, pelo menos, pelo dinheiro que vão perder, nem que para isso tenhamos de nos endividar. É o mínimo”, assumiu Amado da Silva.
Nesse sentido, “o secretário de Estado” da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, “tem procurado ajudar e vai continuar a fazê-lo”, destacou o presidente da FPR, mas “tem de ver onde é que é possível” desbloquear as verbas em falta.
Sobre o mandato que hoje inicia, Amado da Silva assumiu que “ao contrário de há quatro anos”, quando a qualificação para o Mundial de França2023 “não era um objetivo assumido”, agora, “não ir ao Austrália2027 seria uma derrota cara” para a direção a que preside.
Entre a “equipa reforçada” de 10 vice-presidentes que tomaram hoje posse, numa unidade hoteleira em Oeiras, destacam-se, “pela primeira vez, duas mulheres”, assim como o antigo internacional português Julien Bardy, que “vai fazer a ligação com os jogadores e clubes de França”.
“Nunca houve um ambiente tão pacífico no râguebi nacional. Esta direção, agora eleita, foi apoiada por todos os clubes, menos um. Espero que possamos aproveitar este ambiente positivo para trabalharmos todos no sentido de melhorar o râguebi em Portugal”, afirmou o presidente, durante a cerimónia de tomada de posse.
Amado da Silva, que liderava a única lista candidata, foi reeleito para o quadriénio de 2023-27 com os votos de todos os 63 dos 89 delegados eleitos que votaram nas eleições realizadas em 20 de abril.
No decorrer do último mandato de Carlos Amado da Silva, a seleção portuguesa de râguebi subiu ao 'Championship', principal escalão europeu da modalidade (com exceção do torneio das Seis Nações), após um 'interregno' de três anos no escalão inferior, e qualificou-se para o Mundial França2023.
As eleições para os órgãos sociais da FPR realizam-se de quatro em quatro anos, desde 2011, após a adequação dos estatutos do organismo ao, então, novo Regime Jurídico das Federações Desportivas.
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