Irlanda, Inglaterra e França chegam à última jornada do torneio das Seis Nações, no sábado, ainda com legítimas aspirações ao título, naquela que, além de uma das mais equilibradas, é também a mais longa edição de sempre.
Quase nove meses depois do pontapé de saída, no primeiro dia de fevereiro, o torneio chega ao fim no último dia de outubro, que já está a ser designado como “super sábado”, devido à grande incerteza sobre as reais hipóteses de cada uma das três seleções e ao ‘capricho’ do alinhamento ditado pelo sorteio para a última jornada.
A incógnita é acentuada pelo desconhecimento geral do impacto que a paragem forçada pela pandemia de covid-19 provocou no momento de forma de cada seleção, num torneio em que, à entrada para a última jornada, apenas um ponto separa a Irlanda (líder, 14 pontos) da Inglaterra (segundo lugar, 13) e da França (terceiro, 13).
Fora das contas, estão já o País de Gales (quinto, 7) e a Escócia (quarto, 10), que se defrontam às 14:15, para cumprir calendário, antes de correrem para o televisor mais próximo para assistirem às emotivas decisões, enquanto a Itália (sem pontos) já é dona da ‘colher de pau’, mas ainda pode interferir na matemática do título.
Certo é que só a Irlanda depende apenas de si própria para erguer o troféu, se derrotar a França, em Paris (20:05), com ponto de bónus ofensivo, mas, antes, a Inglaterra joga em Itália (16:45) e aposta tudo em colocar ambos os rivais sob pressão, com um triunfo bem expressivo sobre a frágil formação transalpina (144 pontos sofridos em quatro jogos).
É que, em função do equilíbrio desta edição do torneio, a menos que os irlandeses consigam mesmo o bónus ofensivo no Stade de France, o mais provável é que duas seleções terminem empatadas na frente, com o mesmo número de pontos de classificação, e tudo se decida através do primeiro critério de desempate: a diferença total entre pontos de jogo marcados e sofridos.
Neste momento, a vantagem no primeiro critério de desempate pende para a Irlanda com uma diferença positiva de 38 pontos (105-67), seguida da Inglaterra com 15 pontos (87-72) e da França com 13 pontos (103-90), mas a equipa de Andy Farrell deve muito dessa vantagem ao triunfo de sábado, por 50-17, sobre a Itália, que vai agora defrontar os ingleses.
Contas feitas, a Irlanda festeja o seu quarto título em sete anos se vencer com ponto de bónus, ou se vencer sem bónus e a Inglaterra também não bonificar frente à Itália, ou se, no caso de terminarem ambas com 18 pontos (vitória irlandesa sem bónus e inglesa com bónus), a vitória da Inglaterra em Itália não for por uma diferença de 24 pontos ou mais superior à da Irlanda em França.
A Inglaterra conquista o terceiro título em cinco anos se vencer com bónus em Itália e a Irlanda não vencer em França, desde que os gauleses não ganhem também com bónus à Irlanda e por uma margem superior em três ou mais pontos do que aquela que a Inglaterra conseguir em Itália.
A Inglaterra também pode sagrar-se campeã se ganhar sem bónus em Itália, desde que franceses e irlandeses empatem ou que a França também vença sem bónus, mas, novamente, por uma diferença que não seja três ou mais pontos superior à que os ingleses obtiverem.
A França é a seleção que aparenta ter as contas mais complicadas, mas conquista o título que lhe escapa desde 2010 se vencer a Irlanda com um resultado melhor do que a Inglaterra em um ponto de classificação ou três pontos de jogo.
Ou seja, se vencer com ponto de bónus e os ingleses não conseguirem esse objetivo, ou se ambos vencerem sem bonificação, mas a margem de vitória dos ‘bleus’ for superior à dos ingleses em pelo menos três pontos.
Na eventualidade de duas seleções terminarem empatadas em pontos de classificação e na diferença de pontos de jogo, o critério de desempate seguinte é o número total de ensaios marcados.
Nesse quadrante, a Inglaterra parte para a última jornada em desvantagem, com nove ensaios contra 14 da Irlanda e 13 da França, mas, mais uma vez, a visita da Inglaterra a Itália pode baralhar por completo este cenário.
Menos provável, ainda assim, é que dois países terminem empatados em todos os critérios anteriores, mas, se isso acontecer, os regulamentos preveem que terminem na mesma posição, ou seja, o torneio das Seis Nações de 2020 até pode vir a ter dois campeões.
O torneio das Seis Nações é a maior competição de râguebi do hemisfério norte, disputada anualmente por Inglaterra, Irlanda, Escócia, País de Gales, França e Itália desde 2000, ano em que a Itália se juntou à competição, até então conhecida por torneio das Cinco Nações.
Desde que ‘ganhou’ o atual formato, a Inglaterra é a nação com mais títulos (6), seguida de França (5), País de Gales (5) e Irlanda (4).
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