A seleção portuguesa de râguebi foi terça-feira recebida em euforia na chegada a Portugal, depois da participação no Mundial, onde conquistou a primeira vitória, e deixou a promessa de ir mais longe na edição de 2027.

A zona de chegadas do aeroporto da Portela, em Lisboa, tornou-se demasiado pequena para acolher os ‘Lobos’.

Com um atraso de perto de duas horas, os adeptos aproveitaram para soltar gritos de apoio a Portugal e cantar o hino, sempre com cachecóis e bandeiras pelo ar, com especial destaque para várias dezenas de crianças, impacientes, para conseguirem autógrafos destes novos ‘heróis’.

Quase atónito pelo ambiente vivido, Tomás Appleton mostrou-se estarrecido pelo banho de multidão.

“É sem dúvida uma loucura. Poder inspirar assim tanta gente, e ter tanta gente atrás de nós, é absolutamente brutal. Neste momento, estou sem palavras. Quando nos propusemos a ir a este Campeonato do Mundo queríamos que as pessoas começassem a seguir mais o râguebi. Queremos inspirar novas gerações e novas pessoas. O que está aqui a acontecer é o impacto disso mesmo, e estamos muito orgulhosos”, começou por dizer.

O triunfo alcançado frente às Ilhas Fiji (24-23), colocou na cabeça da seleção portuguesa que fazer mais e melhor é possível e, por isso, Tomás Appleton não tem dúvidas em sonhar alto para o Mundial de 2027.

“Se calhar, é um bocadinho puxado dizer isto, mas, se continuarmos neste caminho tão bom, como estamos a fazer, acho que podemos ambicionar os quartos de final”, profetizou.

Certo é que, para o ‘capitão’, Portugal tem capacidade para muito mais. Basta ‘apenas’ querer.

“Temos de aprender a ser ambiciosos. Portugal tem tanto talento. Fomos para este Mundial com o objetivo de querer competir contra qualquer equipa que nos aparecesse à frente. A verdade é que foi isso mesmo que fizemos. Infelizmente, não conseguimos a vitória frente à Geórgia, como tanto queríamos, mas acabámos por fechar com ‘chave de ouro’”, relembrou.

Em sintonia com esta ideia, esteve Luís Piçarra, treinador adjunto da seleção portuguesa, para quem cada jogo neste Mundial foi uma aprendizagem.

“Temos uma grande margem para trabalhar. É uma equipa muito jovem, que passou recentemente pelo processo dos sub-20. Tem um desejo enorme de aprender e crescer. Muitos já são profissionais em França. Se calhar, podemos pedir ao World Rugby para ter jogos mais competitivos, para nos fazer crescer mais”, sustentou.

Questionado sobre a comparação entre a geração de 2007, a primeira a participar num campeonato do mundo, e a atual, Piçarra não têm dúvidas. A última fez mais, mas ambas tinham os mesmos ingredientes.

“Não tenho dúvidas que são novos ‘heróis’ para novas gerações que querem começar a jogar. A geração de 2007 e a de 2023 têm um fator em comum: a coragem e a valentia. Esta geração jogou mais que a de 2007, mas o coração e a valentia, tão característica do povo português, é para manter e servirá para preparar o próximo mundial”, concluiu.