O presidente da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) disse hoje que o futuro da seleção nacional “é brilhante”, um dia após a derrota com a Espanha, que deixou Portugal praticamente fora da corrida ao Mundial de 2023.

Em declarações à agência Lusa, Carlos Amado da Silva admitiu estar “triste e desiludido” com o desfecho, mas lembrou que “o objetivo inicial era a manutenção” no segundo escalão do râguebi europeu a apontou, desde já, ao apuramento para 2027.

“O futuro é brilhante. Viemos da terceira divisão e quase íamos ao Mundial. Estamos ao nível dos melhores, somos respeitados e isso agrada-me muito. Tenho muita pena, estou de ‘luto’ um dia ou dois, mas foi uma excelente campanha. Iremos à Austrália [em 2027], quase de certeza”, analisou o líder da FPR.

A confiança de Amado da Silva assenta na “maior experiência” com que os ‘lobos’ irão chegar a essa fase de apuramento e à previsibilidade de abertura de “mais uma vaga para a Europa”, a confirmar-se o alargamento do Mundial das atuais 20 para 24 seleções.

O presidente da FPR lembrou que Portugal ficou “a um ensaio de distância” da qualificação, no jogo de domingo, "o único que perdeu bem", frente a uma seleção “que já esteve apurada para o último Mundial”, do qual foi excluída administrativamente por utilização irregular de jogadores.

Além disso, “o orçamento da Espanha é 10 vezes superior ao de Portugal”, argumentou Amado da Silva, salientando ainda que “os jogadores de Espanha são todos pagos para jogar e os portugueses não”.

“Não podemos esconder a realidade. Estou triste, porque investimos muito e acreditei, mas o râguebi é um jogo. Portugal tem qualidade para estar no Mundial e isso é que me dá pena”, desabafou.

Sobre o futuro, Amado da Silva reconheceu que o Europe Championship 2022 terá sido o fim de um ciclo para vários lusodescendentes, tais como Samuel Marques, Francisco Fernandes, Mike Tadjer ou Jean Sousa, mas assumiu que “já há outros na calha”.

Além disso, “Portugal também tem excelentes jovens jogadores, alguns dos quais irão para o estrangeiro”, onde poderão ganhar mais experiência, e “também os Lusitanos XV”, franquia da responsabilidade da FPR que disputa a Europe Super Cup, “vão começar a trabalhar a um nível superior”.

“Temos todas as condições para ir à Austrália. Se em dois anos fizemos o que fizemos, é claro que temos condições para ir em 2027”, apontou.

Se o fará com ou sem o atual selecionador, Patrice Lagisquet, o presidente da FPR não quis antecipar o futuro, mas admitiu que gostaria de continuar a contar com o técnico francês.

“Fez um excelente trabalho, ninguém pode colocar isso em questão. Falámos levemente sobre o assunto e voltaremos a falar após os jogos dos Lusitanos XV”, nas meias-finais e final da Europe Super Cup, que deverão acontecer em abril, admitiu Amado da Silva.

Portugal ficou praticamente sem hipóteses de apurar-se para o Mundial de râguebi de França2023, após perder no domingo, com a Espanha, por 33-28, em Madrid.

O resultado qualificou diretamente os espanhóis, deixando Portugal no terceiro lugar do apuramento, que deve perder para a Roménia, que tem ainda um jogo por disputar, no sábado, nos Países Baixos.

A mais do que provável vitória dos romenos deixará Portugal fora do torneio de repescagem mundial, que se disputa em novembro.