O ano de 2022 foi marcado pelo histórico regresso de Portugal ao Campeonato do Mundo de Rugby. Os 'Lobos' não marcavam presença no maior palco da modalidade desde o Mundial de 2007 que, à semelhança da edição de 2023, também foi jogado em França.

O pontapé decisivo de Samuel Marques no último lance do jogo diante dos Estados Unidos foi o 'climax' de uma caminhada para um Mundial que, a dada altura, parecia não passar de uma mera miragem. Uma série de volte-faces e momentos puramente dramáticos transformaram este apuramento numa verdadeira epopeia de contornos camonianos, onde um grupo de heróis lutou e acreditou até ao último segundo que conseguiriam levar a nau portuguesa a bom porto.

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Dos vinte lugares disponíveis para o Campeonato do Mundo de 2023, oito estão reservados para seleções europeias. Dessas oito vagas, seis já estavam preenchidas com Inglaterra, França, Irlanda, Escócia, País de Gales e Itália, seleções que compõem o clássico 'Torneio das Seis Nações' e que conseguiram qualificação automática para o Campeonato do Mundo de 2023 ao terem terminado a edição de 2019 nos doze primeiros lugares.

As duas vagas restantes ficariam reservadas para os melhores classificados dos 'Torneios das Seis Nações B', de 2021 e 2022. Na edição de 2021 os Lobos estiveram em bom plano, conseguindo vitórias diante da Rússia, Países Baixos e Espanha, contudo as derrotas diante da Geórgia e da Roménia, esta apenas por um ponto, comprometeram as aspirações lusas no que à conquista do troféu diz respeito. Portugal acabou em terceiro lugar com 14 pontos, os mesmos que a Roménia, mas a dez da vencedora Geórgia.

Já na edição de 2022 a prestação da seleção nacional não foi tão positiva; com efeito, as derrotas com Roménia e Espanha atiraram a equipa lusa para o quarto lugar da classificação final de um torneio que foi novamente ganho pelos georgianos. A prova foi marcada pela decisão do comité de organização do mundial ter cancelado todos os jogos que iriam ocorrer contra a seleção da Rússia, isto devido à invasão da Ucrânia no início do ano.

Perante as classificações obtidas nas duas competições, o sonho de Portugal em regressar ao Campeonato do Mundo parecia ter-se esfumado, já que a Espanha tinha garantido lugar no torneio final de qualificação; contudo, Portugal acabou por ficar com o lugar dos espanhóis quando se soube que a equipa de 'nuestros hermanos' havia utilizado um jogador inelegível num dos jogos de apuramento.

Assim, Portugal iria disputar a última vaga do Mundial num torneio realizado no Dubai com mais três seleções, uma de cada continente: Estados Unidos, Quénia e Hong-Kong. Os Lobos começaram da melhor maneira ao vencer Hong-Kong por 42-14, seguindo-se um triunfo contundente diante dos quenianos por expressivos 85-0. Assim, a qualificação iria ser decidida diante dos Estados Unidos, uma vez que, à semelhança de Portugal, também os norte-americanos venceram os seus jogos, tudo seria decidido no encontro entre as duas seleções.

Portugal entrou bem na partida, conseguindo responder ao pontapé de penalidade convertido por AJ MacGinty aos três minutos com um ensaio de Raffaele Storti cinco minutos depois, ensaio este devidamente convertido por Samuel Marques para colocar Portugal com quatro pontos de avanço.

Tal como se esperava, o jogo manteve-se muito equilibrado, com nenhuma equipa a deixar o adversário fugir muito no marcador; ao intervalo a seleção nacional vencia por 10-9.

Na segunda parte, e mesmo depois de uma penalidade convertida por Samuel Marques para fazer o 13-9, os norte-americanos conseguiram dar a volta ao marcador à passagem dos 60 minutos, graças a um ensaio de Kapeli Pifeleti, posteriormente convertido por AJ MacGinty. Nessa mesma altura, Portugal viu-se com menos um homem durante dez minutos, isto após Francisco Fernandes ter visto um cartão amarelo.

Mesmo assim os Lobos não deixaram de lutar e acabaram por ser recompensados; passavam já dois minutos depois dos 80 regulamentares quando Samuel Marques, com a mesma alma e determinação dos Lobos de 2007, converteu um pontapé de penalidade e colocou Portugal no Campeonato do Mundo de rugby pela segunda vez na sua história.

No Mundial 2023 Portugal estará inserido no grupo C, juntamente com País de Gales, Austrália, Fiji e a sua conhecida Geórgia. Há quinze anos os Lobos ficaram no grupo C com Nova Zelândia, Escócia, Itália e Roménia, tendo somado por derrotas os jogos realizados, mas conseguindo amealhar um ponto por ter perdido com a Roménia por uma diferença inferior a sete pontos.

Os Lobos entram em ação no dia 16 de setembro, em Nice, diante de Gales; segue-se a Geórgia no dia 23 em Toulouse, a Austrália no dia 1 de Outubro em Saint-Étienne e termina novamente em Toulouse no dia 8 diante da Ilhas Fiji.