O capitão da seleção portuguesa de râguebi, Tomás Appleton, desvalorizou hoje a saída do francês Sébastien Bertrank do cargo de selecionador nacional, um mês depois de ter sido apresentado, por significar que a modalidade está a crescer no país.

“Não digo que seja um tiro no pé, nem que seja mau planeamento. O Mundial acabou há pouco tempo, não se sabiam os resultados que íamos ter e as solicitações para a seleção portuguesa e para os Lusitanos têm sido muitas, não era espetável, mas tem de ser uma coisa boa”, afirmou o jogador do CDUL, à margem da Web Summit, em Lisboa.

Na cimeira tecnológica, Tomás Appleton partilhou o palco de uma conferência com a atleta Patrícia Mamona, medalha de prata no triplo salto dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, enaltecendo, depois, em declarações à agência Lusa, que a saída de Bertrank se fica a dever ao acréscimo da exigência do cargo.

“Não tinha sido planeado este ‘boom’, como não estava planeado que Portugal ganhasse às Fiji e se batesse em todos os jogos do Mundial, nem que jogasse tão bem como jogou. Estamos bem, estamos focados, já focados na primeira janela internacional, de fevereiro e março, e não estamos a perder o foco. O bom sinal tem a ver com o facto de o râguebi português estar a crescer”, sublinhou.

Sébastian Bertrank tinha sido oficializado como selecionador em 12 de outubro, após Portugal conquistar a primeira vitória de sempre num Campeonato do Mundo, ao vencer por 24-23 frente às Fiji, ainda sob o comando de Patrice Lagisquet, que comandou os ‘lobos’ entre 2019 e 2023.

Appleton alertou ainda que a modalidade tem de “aproveitar a onda, esta fase pós-Mundial”, para apostar no profissionalismo.

“Conseguimos um excelente resultado no Mundial sem o ser, mas, a verdade, é que não dá para sempre. E se estivermos dependentes de gerações que estejam dispostas a todos estes sacrifícios para chegar lá não acredito que funcione. Portanto, o profissionalismo é um caminho”, referiu.

O capitão e também dentista considera que este percurso rumo ao profissionalismo não pode depender só da Federação Portuguesa de Rugby (FPR), tendo também de ter adesão por parte dos clubes.

“Eu acredito que vai andar um bocadinho de mãos dadas. O campeonato português é um campeonato semiprofissional, já temos jogadores profissionais e os Lusitanos já são um bom princípio da profissionalização do râguebi português, mas os clubes vão ter de acompanhar e de ter estrutura para acompanhar este profissionalismo”, rematou.

A oitava edição da Web Summit em Lisboa decorre até quinta-feira, na Altice Arena, em Lisboa.