A seleção portuguesa de râguebi vai manter “a identidade” que a fez destacar-se no último Mundial, apesar de começar a renovar-se tendo em vista a participação no Austrália2027, assegurou hoje o capitão, Tomás Appleton.

Os ‘lobos’ cumpriram, no Jamor, o segundo dia de treinos tendo em vista o Europe Championship 2024, que se inicia no sábado, e apesar de algumas ausências e das alterações na estrutura técnica, o estilo de jogo que surpreendeu o mundo no França2023 é para manter, assegurou o centro.

“Temos uma identidade de jogo e uma maneira clara de como queremos jogar. A equipa de consultores está a meter o seu ‘input’ e a fazer algumas mudanças, mas a nossa identidade de jogo é exatamente a mesma”, afirmou Appleton, no Centro de Alto Rendimento de râguebi, no Jamor.

Por isso, prosseguiu o jogador do CDUL, “o processo será o mesmo quando vier um novo selecionador”, até porque “muitos dos treinadores da atual equipa técnica vão manter-se” e “a identidade do jogo português tem de continuar por aí”.

“Senão, o que é que vamos fazer ao Rodrigo Marta, ao Raffaele Storti, ao Manuel Cardoso Pinto ou ao Simão Bento se não os deixarem correr com a bola e ganhar metros?”, questionou.

A seleção portuguesa vai ser liderada no Europe Championship 2024 por uma equipa de consultores cedidos pela World Rugby para apoiar a estrutura técnica nacional enquanto a Federação Portuguesa de Râguebi não encontrar o sucessor para o ex-selecionador, Patrice Lagisquet, que deixou o comando técnico após o Mundial.

O antigo selecionador da Argentina, Daniel Hourcade, lidera o ‘tridente’ que inclui ainda Esteban Meneses e Rodolfo Ambrósio, antigos selecionadores de Uruguai e Brasil, respetivamente.

Como treinador, no ‘organigrama’, mantém-se João Mirra, um dos adjuntos de Lagisquet nos últimos quatro anos, que assumiu que Portugal vai manter o estilo de jogo, mas lembrou que “os treinadores, normalmente, focam-se mais na parte que o público em geral não vê”.

“Porque antes de haver esse râguebi espetacular para os Storti, Marta, Sousa Guedes, Cardoso Pinto e essa malta toda brilhar, têm de estar outros lá à frente a trabalhar, a ganhar bolas nas fases de conquista, e levá-la para a frente e a criar desequilíbrios para esses aproveitarem”, lembrou o técnico.

Por isso, e como houve “algumas saídas de jogadores fundamentais na primeira linha”, é preciso fazer “uma renovação gradual, mantendo a base" dos que já integravam a seleção.

“Nunca largando o passado recente, que foi muito bom e a base é espetacular, não a podemos destruir, é importante não estarmos sempre a começar do zero. E não o estamos a fazer, mas é preciso caras novas, jogadores novos, um processo novo e é a isso que nos vamos agarrar”, apontou o também treinador do Belenenses.

Nesse sentido, Tomás Appleton considerou que Portugal “não pode quebrar” depois do que fez no França2023 e vai ter de “aproveitar esse comboio para continuar a trabalhar daqui para a frente”.

“Há sempre jogadores importantes que acabam por ficar do Mundial passado, mas obviamente que isto é um processo novo. Se chegarmos ao Austrália2027, é óbvio que a convocatória não vai ser igual à de 2023, portanto temos de começar a preparar isso agora”, assinalou o capitão luso.

A seleção portuguesa de râguebi visita a Bélgica no sábado, em partida da primeira jornada do Grupo B do Europe Championship 2024.

Será o primeiro jogo dos ‘lobos’ após o França2023, em que obtiveram a primeira vitória de sempre num Mundial, frente às Fiji (24-23), além de um empate com a Geórgia (18-18) e derrotas com o País de Gales (28-8) e Austrália (35-15).

O Europe Championship 2024 disputa-se entre sábado e 17 de março e, além da Bélgica, Portugal defronta ainda a Polónia (10 de fevereiro, no Estádio Nacional) e a Roménia (17 de fevereiro, em Bucareste).